Envolvido num acidente. O que devo fazer?
(Eis o que deves saber…)
Há 2 anos atrás, na sequência de um autêntico abalroamento que foi feito ao meu irmão quando conduzia a sua moto, tomei consciência da importância de fazer as coisas bem e manter a calma suficiente nos momentos imediatamente a seguir a um acidente rodoviário.
Ligou-me aflito, pedi-lhe para me indicar o local e dirigi-me lá com a rapidez que me foi possível.
A partir daí foi um mundo novo para mim e o cenário de ver o meu irmão a sangrar de um golpe profundo na mão…com a sua moto no chão, garfo de suspensão e roda toda metida para dentro, guiador dobrado e a verter abundantemente fluídos na calçada, foi uma situação que na altura mexeu bastante comigo, mais não fosse por se tratar de um familiar meu que se via envolvido naquela situação.
Num local de ampla visibilidade, a condutora do veículo automóvel não respeitou o sinal de cedência de passagem a todos os veículos que circulavam naquela via com prioridade e “atirou-se” para a frente dele, não lhe dando a mínima hipótese de travagem.
Embate forte na roda da frente e secção lateral-frontal do automóvel e depois disso……
(Foto por mim captada no dia do acidente…) O que fazer?Num estado quase automático e porque após a chamada devo ter chegado 3min depois ao local, analiso a situação que tenho diante de mim em 2 tempos, ligo para 112 que fez deslocar uma ambulância ao local a fim de lhe suturar o golpe e…..começo a tirar fotografias. Tirei várias na altura e de diversos ângulos, algumas delas a apanhar mesmo os sinais de trânsito no local, com os veículos em segundo plano.
Uma viatura da polícia a dado momento passou pelo local e a partir daí tomou conta da ocorrência e do fluir normal do trânsito.
Mas esta longa introdução que aqui faço tem um sentido, pois infelizmente são tantos os casos de companheiros que se vêm envolvidos nalgum tipo de acidente rodoviário, que sinto haver necessidade de aqui fazer alguma reflexão e colocar conselhos práticos a tomar em situações semelhantes.
Todos nós temos conhecimento de um ou outro caso excepcional em que se mostra difícil…muito difícil ter a seguradora a dar-nos razão a 100%, mesmo que carregados de razão na nossa óptica de ver as coisas.
E é precisamente para esses casos (mas não só!), que os conselhos práticos como aqueles que a seguir vos deixarei, podem revelar-se úteis se levados a cabo correctamente e com a calma e o discernimento que a situação exige - naturalmente sempre dentro do possível e desde que com o acidente a nossa integridade física não tenha sido beliscada ou nos exija cuidados imediatos.1) – Tirar fotos...Antes de mover os veículos embatidos para qualquer local, tirar fotos é quase um imperativo e por isso mesmo coloquei em primeiro lugar este conselho.
Os actuais smartphones têm praticamente todos câmara fotográfica integrada e até mesmo as
action cam’s que comumente se utilizam, conseguem fazê-lo com uma qualidade assinalável, pelo que a minha recomendação tem de ser primariamente a de tirar fotos de diversos ângulos e de preferência a apanhar a sinalização ali existente….sem esquecer eventuais marcas de travagem no piso geradas antes do embate. Não tires uma só foto de um único ângulo...tira 3, 4, 5, as que forem necessárias.
2) – Ficar calmo...Este conselho anda praticamente a par com o anterior no topo das recomendações.
A exaltação pode levar a que a situação se descontrole e o mínimo que se exige numa situação destas é que se mantenha toda a calma que nos for possível.
Falar com o outro condutor envolvido num acidente e fazê-lo sem estar a "cerrar os punhos", é meio caminho andado para uma situação que já por si é desagradável quanto baste. Enquanto escrevo isto, recordo-me de na altura ter falado com a Srª que atravessou o seu veículo à frente do meu irmão e…tive de estancar a minha vontade de elevar a voz quando começou a apresentar uma sua muito oportuna versão distorcida dos factos e contrária ao que ali se tinha passado, falando em excesso de velocidade e que era impossível ter visto a moto… O bom senso e a argumentação que lhe mostrei, felizmente amenizaram a situação passados breves momentos.
É portanto mantendo a calma e um discurso sem acusações, que um acidente rodoviário deverá ser resolvido!
3) – Obter testemunhas...É sempre bastante complicado termos alguém que se disponha a testemunhar aquilo que presenciou e na verdade não censuro ninguém.
Mas se no local houver pessoas ou outros condutores ali junto a nós, recomendo que gentilmente se desloquem até aos mesmos e lhes perguntem se presenciaram algo…antes mesmo de lhes perguntarem se não se importariam, caso fosse necessário, de testemunhar o que viram.
Em caso de resposta afirmativa e havendo essa disponibilidade, num papel ou mesmo no bloco de notas do telemóvel apontem o nome, n.º do BI/C.C., morada e telefone das testemunhas que a tal se dispuseram. Escusado será dizer que um cordial agradecimento é o mínimo que poderemos fazer, pois alguém dar-se como testemunha é um acto voluntário bastante meritório;
4) – Oficializar no momento uma nota de culpa...Se em algum momento ouvires o outro condutor a dar-se voluntariamente como culpado e sem mais rodeios, recomendo que….independentemente do normal preenchimento da declaração amigável de acidente com a versão consensual dos factos, que se elabore um documento manuscrito no local com essa assunção de culpas no acidente e devidamente assinado por ambos.
Se for presenciado no local por testemunhas, melhor! Munido desse documento e assinado conforme o B.I./C.C., poderá ser usado como meio de prova e confrontação, se necessário... (pelo menos para efeitos judiciais, se a resolução do caso chegar a esse ponto).
5) – Saída do local em segurança!!!Após os passos anteriores se encontrarem assegurados, abalar de moto/scooter mesmo que visualmente aparentando estar em condições, pode revelar-se perigoso.
Os veículos de 2 rodas não foram desenvolvidos a pensar em pancadas fortes e a serem atirados ao chão, pelo que o caminho de regresso a casa ou à oficina deve ser feito com velocidade reduzida q.b.
Se não houver confiança de que tudo está bem ou se se notar algum sintoma demasiado estranho que afecte o rolamento normal do modelo, deverá ser accionado o reboque. Não vale a pena arriscar nessas condições e a nossa integridade física está em primeiro lugar!
NOTA: Texto integralmente pessoal e, como é natural, sujeito à minha visão e forma de resolução de uma temática que diariamente ocorre nas estradas do nosso país!