No dia 24 de Dezembro coloquei vinte euros no meu carro... O coitado estava na reserva e como tal lá teve que ser. Hoje, mais de um mês depois os vinte euros ainda não se queimaram e a reserva ainda está relativamente longe.
Nestes dias, aqui por Castro Daire andei sempre de mota. Fui a Coimbra quatro vezes, fui a Viseu quase todos os dias desde o dia 19 de Janeiro e, como tal, apanhei (alguma) chuva e MUITO frio.
Hoje, por exemplo, saí de casa com DOIS graus negativos e fiz 40km, 30 dos quais em auto-estrada. Frio? Eh pá, os pés não estavam quentes, mas não estavam gelados. De resto, cheguei quentinho ao trabalho.
Aliás, posso dizer que passo mais frio nos 30 metros da mota até à entrada do local de trabalho do que em toda a viagem.
O fórum do CPM está cheio de tópicos sobre este tema, o combate ao frio, sendo que a maior parte do pessoal que tenta combater este inimigo é de zonas, incomparavelmente, mais amenas do que Castro Daire e Viseu.
Daí a razão deste tópico, no qual vou dar a conhecer o equipamento que uso e que permite que, ao contrário do ano passado, em que, mesmo com tempo seco tive que parar a mota por causa do frio, ande de mota todos os dias independentemente de estarem 15 graus positivos ou QUATRO graus negativos (sim, também já os apanhei...)
TroncoTudo começa pelo casaco. Aqui não há grandes segredos. Uso um Acerbis, com forro interior. Não é totalmente impermeável, mas aguenta com algumas gotas. Em relação ao frio não passa quase nada, e o que passa o resto do vestuário encarrega-se de isolar. O meu é um Acerbis, mas o que não falta são alternativas válidas, mais caras e mais baratas.
Depois é importante usar várias camadas de roupa. De nada vale ter um bom casaco e um outro casaco grosso por baixo e uma camisolita. O truque é sempre ter várias camadas de roupa e, de preferência, que não estejam muito justas umas às outras. Este pormenor é muito importante, principalmente nas pernas.
Eu uso por baixo do casaco um polar de gola alta, duas T-shirts e mais uma camisola interior de manga comprida polar (só uso com temperaturas abaixo dos 7/8 graus, até aí não é necessário)
PescoçoO nosso pescoço é como um radiador,assim como as mãos e os pés, pelo que estes três pontos são essenciais no que diz respeito ao aquecimento ou arrefecimento do corpo.
Assim, para proteger esta área utilizo daquelas mangas para o pescoço que se vendem na sportzone, decathlon ou outra, em tecido polar e que poderão ter um cordão numa das pontas. Se estiver muito frio, abaixo dos 7/8 graus, utilizo duas, uma por cima da outra, sendo que a que está por cima é ligeiramente mais comprida e aproveito para tapar-me até ao nariz.
Só uma nota, durante o verão, independentemente do calor, uso sempre o buff do CPM (ou outro, mas prefiro este
). Isto porque levar com uma abelha no pescoço pode ser um pouco (mas só um pouquinho
) perigoso. Para terem uma ideia (e isto também pode acontecer no inverno, embora seja mais difícil), este verão, numa descida de bicicleta em que seguia a 70 km/h, bati contra uma abelha com o capacete, esta veio à minha perna e ainda conseguiu-me picar. Foi muito complicado chegar a casa.
PésEsta é a zona que ainda agora não consigo isolar completamente. Mas talvez porque ainda não queira ou tenha real necessidade. Se calhar utilizando uma daquelas botas para neve consegua isolar os pés do frio por completo, mas a verdade é que, se quando vou trabalhar tenho que trocar de roupa obrigatoriamente no trabalho (pelo que o modo de apresentação no local de trabalho não é problema), quando vou para as aulas convém ir minimamente apresentável.
De qualquer modo, utilizo neste momento, quando está muito frio (abaixo dos tais 7/8 graus), uma botas impermeáveis, quentinhas, da decathlon. São para caminhada e até são parecidas com os sapatos de automibilismo que os pilotos usam. As minhas ficaram mesmo justas aos pés, o que não se pretende.
Aconselho a comprarem calçado do género (com o qual se pode ir a qualquer lado), mas sempre um número, ou mesmo dois, acima do vosso tamanho. Isto de forma ao pé não estar mesmo colado ao tecido do calçado (e assim, com mais contacto com tecido arrefecido pelo vento), além de poderem utilizar dois pares de meias, uma delas mais grossas.
Desta forma conseguem andar com temperaturas muito baixas, ou mesmo negativas, sem qualquer problema. Os pés podem não ir quentes, como os meus, mas não vão gelados ou dolorosamente desconfortáveis.
PernasMais um ponto muito sensível. Será, a seguir às mãos, o ponto do corpo que mais arrefece a andar de mota.
Desnecessário será dizer que andar de mota apenas com um par de calças (de ganga, por exemplo), com muito frio, está completamente fora de questão.
Em relação a este ponto fiz várias tentativas. Calças de licra, calças de licra cardadas, calças de ciclismo sem carneira, etc.. Nada resultou.
Primeiro, não resultou porque as calças ficavam justas ao corpo, como tal, arrefeciam as calças com a passagem do vento e arrefeciam as pernas.
Como disse atrás, é muito importante que as camadas de roupa não fiquem coladas ao corpo.
Depois destas tentativas, encontrei uma calças em tecido polar (não tão grosso como o utilizado nas camisolas polares) na Decathlon, um bocado para o largueironas, a fazer lembrar as ceroulas de quando éramos miúdos.
E voilá. A solução estava encontrada.
No entanto, em dias muito frios (desta vez não vou referir novamente a temperatura
) o desconforto causado pelo frio ainda era algum. Ora, foi no trabalho (Exército) que encontrei a solução. As calças porlartek que utilizamos por baixo da farda são excelentes. O tecido é em tudo parecido com o tecido usado nos polares, mas ainda mais grosso. Resultado, não deixam passar frio nenhum.
Estas calças compram-se com facilidade em lojas de artigos militares ou em algumas feiras da zona de Lisboa (feira da ladra, etc.).
MãosAs mãos é o ponto do corpo que mais sofre com as baixas temperaturas a andar de mota e isso reflecte-se na forma como o pessoal procura encontrar soluções aqui no CPM.
Punhos aquecidos, protecções, luvas, luvas aquecidas, etc..
Podem ser várias as soluções adoptadas, sendo que para a sua eficácia contribui não só a solução técnica, mas também o dinheiro que se está disposto a gastar.
De início tentei uma luvas melhores, depois dois pares de luvas (mas duas camadas de tecido, praticamente coladas uma à outra, eram insuficientes). Não resultou.
Aqui será importante referir um ponto. Para temperaturas baixas (como aquelas, cujos graus não voltarei a mencionar
^) não vale a pena pensar em luvas melhores, XPTO, CSI ao quadrado, etc. Mesmo com temperaturas a rondar os 10/12 graus não encontrei luvas que me protegessem a sério do frio. Por isso, não vale a pena gastar dinheiro em luvas que os vendedores dizem ser à prova de frio, quentinhas e que não deixam passar o vento. Eu testei-as e garanto, não funcionam!
Tentei os punhos. Mas depois de alguma pesquisa (terá sido mesmo MUITA), ouvi opiniões de algum pessoal das moto4 aqui de Viseu, e algumas opiniões na net de zonas assim tão frias como a minha, e todos diziam que os punhos eram suficientes para temperaturas frias, mas abaixo dos dez graus a palma das mãos vai quente mas as costas das mesmas e a ponta dos dedos acaba por arrefecer. Comecei a pensar duas vezes em relação a esta solução.
Pensei na roupa aquecida, mas... Carote e não conhecia ninguém que usasse aquilo, para além que teria que mandar vir do estrangeiro um produto cujo funcionamento não sabia se era suficientemente bom.
Andei e desesperei. Assim, num dia de muito frio, optei por uma solução que sabia que, à partida, funcionava, apesar de ser inestético até mais não. Umas protecções da Tucano Urbano.
Assim, com 43€, com portes incluídos, resolvi o problema de vez. NUNCA mais voltei a ter frio às mãos. Até já experimentei andar alguns troços curtos sem luvas (com temperaturas a rondar os 12/13 graus) e não tive frio. Com estas protecções o vento não bate directamente na mão, visto existir uma grande distância entre o tecido (tipo neoprene) e as luvas, pelo que as mãos vão sempre quentes como se estivéssemos parados num semáforo.
Caros companheiros, com este esquema montado, já saí de casa com temperaturas negativas em direcção a Coimbra (hora e meia a andar sem parar) e não tive frio.
Só na barragem da Aguieira, de manhã, com nevoeiro serrado é que fico mais fresquinho, no entanto, nem de perto nem de longe se poderá dizer que vou com frio ou gelado.
Desculpem o testamento, mas acho que, atendendo ao local onde costumo andar, assim como o tipo de dificuldades relativas ao frio que o pessoal costuma demonstrar por aqui, que a minha experiência seria uma mais valia e que poderia evitar gastos gastos desnecessários em compras de teste, como aqueles que eu fiz.
Afinal de contas, não vale a pena descobrirmos a roda duas vezes...
Espero que vos seja útil.