Autor Tópico: Radares. França vai avançar com 'modelo Uber' na fiscalização  (Lida 1482 vezes)

Offline moto2cool

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O país encontra-se em processo de adotar um novo modelo de fiscalização rodoviária, segundo o qual o Estado passa a contratar empresas privadas para conduzir veículos-radar, descaracterizados, que viajam em determinadas estradas, fiscalizando os outros condutores e enviando as informações para uma central, que, por sua vez, emite os respetivos autos em casos de excesso de velocidade.

De certa forma, os franceses vão adotar o conceito ‘Uber’ na fiscalização rodoviária, passando a tarefa de conduzir os automóveis-radar dos polícias para civis. Estes, membros de empresas contratadas através de concursos públicos, resumem-se a conduzir os automóveis – propriedade das autoridades – em percursos predefinidos pelo Estado, sem acesso aos detalhes sobre os condutores autuados. O radar funciona com um sistema de infravermelhos, que não dispara qualquer flash, e que, portanto, não permite nem ao condutor do automóvel-radar, nem ao condutor autuado, perceber que foi emitido um auto. As informações são depois enviadas para uma central em Rennes, onde, aí sim, as autoridades avançam com o processo de auto.

O programa arrancou em 2017, esteve em testes, e vai ser implementado no país a todo o gás em 2022. Mas os cidadãos franceses já estão munidos de formas para ‘contra-atacar’ este novo modelo. Os condutores são rápidos a encontrar formas de contrariar os esquemas de fiscalização, e já é possível, repare-se, encontrar uma lista das ditas viaturas descaracterizadas, num website específico, permitindo aos cidadãos identificar as mesmas à medida que circulam nas estradas francesas, de forma a reduzir a velocidade e evitar a coima.

Mudanças principais Segundo o próprio Estado francês explica, as viaturas-radar deixam de ser conduzidas por dois agentes da autoridade, e passam a ser conduzidas por um único condutor, civil, contratado por uma empresa privada que, por sua vez, é contratada pelo Governo francês. O ordenado dos condutores não é afetado pelo número de coimas aplicadas durante uma sessão de condução, mas sim pelas horas que passadas ao volante, afastando assim a possibilidade de existir a denominada ‘caça à multa’. Isto para não falar do facto de os condutores só poderem circular em rotas predefinidas pelas autoridades.

José Miguel Trigoso, presidente da Prevenção Rodoviária Portuguesa, mostra-se aliviado, confessando, no início, ter temido que o sistema pudesse ser usado com este fim. Ao perceber, no entanto, que o ordenado é fixo, e não ligado ao número de coimas aplicadas, Trigoso define, em declarações ao i, o sistema como sendo “muito eficaz”, até porque reduz a quantidade de recursos necessários para realizar esta atividade de fiscalização.

Como já foi referido, o radar a bordo não emite qualquer flash no momento em que capta um condutor em excesso de velocidade, para além de não emitir qualquer som. Também não existe um ‘contador de coimas’ a bordo, evitando que o condutor tenha qualquer informação sobre o número de autos realizados.

Além disso, os veículos, ao contrário do que inicialmente se poderia pensar, são propriedade das autoridades francesas, e não das empresas privadas contratadas, ou dos condutores. Assim, a pessoa que está a conduzir estes veículos não está a usar a sua viatura própria, tendo sim de se deslocar às localidades específicas onde os veículos das autoridades estão estacionados, cumprindo o seu turno e, no fim, regressando a estes locais.

Novo? Ao i, José Miguel Trigoso começa por explicar que o conceito de automóveis descaracterizados como sistema de fiscalização rodoviária não é novidade. O especialista recua aos anos 80 para relatar a primeira experiência que teve com estes equipamentos, explicando que em Portugal chegaram alguns anos mais tarde. O presidente da PRP mostra-se curioso acerca do modelo francês, admitindo que o seu estudo poderia ter interesse para as autoridades portuguesas.

Segundo foi possível apurar, não está, para já, a ser estudada a aplicação deste mesmo modelo de fiscalização nas estradas portuguesas. A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) explicou ao i que “há em Portugal projetos semelhantes já implementados, como os modelos de cinemómetros-radares para uso no controlo e fiscalização do trânsito instalados em veículos, caracterizados e descaracterizados, das entidades fiscalizadoras, designadamente da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia de Segurança Pública (PSP), que efetuam a fiscalização dos veículos que circulam em excesso de velocidade”

https://ionline.sapo.pt/artigo/755738/radares-franca-vai-avancar-com-modelo-uber-na-fiscalizacao-?seccao=Mundo_i
« Última modificação: 13 de Dezembro de 2021, 21:28 por moto2cool »
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Offline Lourenço

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Re: Radares. França vai avançar com 'modelo Uber' na fiscalização
« Responder #1 em: 13 de Dezembro de 2021, 22:17 »
Já existem cerca de 450 viaturas radar privadas em vários departamentos Franceses, cada uma a rodar cerca de 5:30 horas por turno, 3*8*7*365, com por exemplo, segundo números oficiais, 264 743 infrações detetadas entre janeiro e Abril 2020. O controle feito por veículos das forças policiais mesmo banalizadas resultava numa média de 1:30 de fiscalização por turno e na maioria dos casos menos de um turno por dia.

O que se vai passar em 2022 é que as poucas regiões onde ainda não circulavam as viaturas radar, Île-de-France, Occitanie, Auvergne-Rhône-Alpes e Provence-Alpes-Côte d’Azur, vão também adotar o sistema que passa a ser nacional de implantação obrigatória sem excepções.

Atenção que falamos de viaturas radar privadas banalizadas que estão equipadas com aparelhos de controle de velocidade homologado, sistema de leitura de placas de matrícula, sistema de vídeo bastante eficaz e que em algumas localidades servem a verbalizar não só os excessos de velocidade como outros tipos de infrações e on-line, isto é antes de acabado o turno a multa ou sanção já foi processada e eventualmente enviada ao infrator.  Os condutores de empresas privadas que ganham estes concursos para estas tarefas nada mais fazem que conduzir em determinados percursos previamente estabelecidos.

A este propósito:

Portugueses ganham "asas" nas estradas francesas
Quase 80 mil condutores de nacionalidade portuguesa (78.398) foram apanhados em excesso de velocidade nas estradas francesas durante o ano de 2020, revelaram as autoridades daquele país.

https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/portugueses-ganham-asas-nas-estradas-francesas

Continuando nas multas por excesso de velocidade, há, como sabem, países que definem o montante da multa em função da infração e do... rendimento pessoal, o que leva a um score dos 10 mais na Europa:

1- 679 000 € : 290 km/h  Suíça  2010, Mercedes SLS AMG.
2- 290 000 € : Ferrari Testarossa Suíça 2010, velocidade desconhecida/não divulgada
3- 283 000 € : 88 km/h Suíça 2018
4- 201 000 € : 72 km/h Bélgica 2019
5- 192 000 € : 80 km/h Finlândia 2004
6- 125 000 € : 51 km/h Finlândia 2009
7- 125 000 € : 81 km/h Finlândia 2019, Mercedes G 500
8- 115 000 € : Finlândia 2002, velocidade desconhecida/não divulgada
9- 107 000 € : Finlandia 2008, Porsche, velocidade desconhecida/não divulgada
10- 98 000 € : 77 km/h Finlândia 2013

Alguns destes veículos foram apreendidos definitivamente a favor do Estado o que acontece em alguns países, sobretudo se há reincidência ou um acumular de várias infrações em simultâneo o que transforma a apreensão definitiva do veículo numa sanção mais imediata que a cassação da habilitação de condução ou as duas em simultâneo  :(

https://www.autoplus.fr/actualite/insolite/exces-de-vitesse-top-10-plus-gros-pv-monde-549010.html?utm_source=feedly_feed&utm_medium=link&utm_campaign=unknown#item=1
« Última modificação: 13 de Dezembro de 2021, 23:26 por Lourenço »

Offline davidsantos

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Re: Radares. França vai avançar com 'modelo Uber' na fiscalização
« Responder #2 em: 14 de Dezembro de 2021, 10:45 »
Uma ideia dessas no nosso país vai gerar receita....
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Offline moto2cool

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Re: Radares. França vai avançar com 'modelo Uber' na fiscalização
« Responder #3 em: 14 de Dezembro de 2021, 12:33 »
Espero que cá não apreendam  veículos mais potentes , para preservar a vida dos trabalhadores da estrada
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Offline karloxilva

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Re: Radares. França vai avançar com 'modelo Uber' na fiscalização
« Responder #4 em: 14 de Dezembro de 2021, 16:45 »
"Mudanças principais Segundo o próprio Estado francês explica, as viaturas-radar deixam de ser conduzidas por dois agentes da autoridade, e passam a ser conduzidas por um único condutor, civil, contratado por uma empresa privada que, por sua vez, é contratada pelo Governo francês."

Chama-se a isto privatizar funções que competem ao Estado, algo parecido a equiparar um Segurança ao valor de um crachá policial.
Sai mais barato ao Estado, dizem, e cria muitos "postos de trabalho", também argumentam... Não será melhor dizer que alimentam as clientelas de "empresas" de trabalho temporário que confiscarão para si o que o Estado devia pagar a um profissional das forças de segurança deixando ao colaboradores as migalhas na forma de um salário mínimo sem Contrato de Trabalho digno desse nome?

Não é nada de novo. Por cá, antes do 25 de Abril de 1974, tínhamos em matéria de "fiscalização" política a PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) e também os "outsourcings", no caso individuais, civis que também "fiscalizavam" e levaram muita gente à prisão, o povo chamava-lhes "bufos". Não me lembro é se ganhavam "à peça" ou pelo "horário de trabalho".
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Offline PedroFortunaGomes

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Re: Radares. França vai avançar com 'modelo Uber' na fiscalização
« Responder #5 em: 06 de Janeiro de 2022, 18:17 »
ora bem para isto ser implementado em Portugal muitas leis tinham de ser alteradas, além disso mais de 80% dos radares que estão ativos estão com a sua homologação caducada.
pela lei os radares são instrumentos de medida tais como as balanças que pesam os veículos pesados ou a fruta na mercearia, e como tal tem de ser aferidos anualmente e colocado o selo de certificação. como em Portugal a entidade que tem competência para proceder a verificação dos equipamentos, recusa aferir e certificar radares de velocidade devido a não dispor de meios que garantam a fiabilidade da medição efetuado por esses equipamentos, estes não servem de prova logo quando recebemos o auto de contraordenação, vem lá a data da ultima inspeção técnica e a entidade que procedeu a mesma inspeção, se tiver mais de um ano a data da contraordenação, basta impugnar a coima exigindo a apresentação de certificado valido para o equipamento, como não existe o dito certificado, as entidades competentes não respondem a impugnação e a coima acaba por prescrever.