Autor Tópico: A luta contra o Covid (e uma homenagem ao pessoal do SNS)  (Lida 1341 vezes)

Offline karloxilva

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A luta contra o Covid (e uma homenagem ao pessoal do SNS)
« em: 01 de Fevereiro de 2021, 14:41 »
Boas!

Hesitei em abrir este tópico. Liga-se a TV ou olha-se para as "gordas" dos jornais e parece não haver mais nada no mundo.

Só que, se no princípio a "coisa" parecia longínqua, algo que só afectava os outros e nos levava a considerar que o "bicho" só atacava desprevenidos e irresponsáveis, hoje a coisa está a mudar de figura. Os números são esmagadores e quase já não é possível encontrar quem não conheça alguém que tenha sido infectado ou, pior, quem não chore a perda de alguém levado por esta praga do Século XXI.
Não, não venho aqui dar mais uns conselhos daqueles que já estamos fartos de ouvir, nós que estamos fartos de sermos reféns de algo que não vemos - e que alguns imbecis negam existir.
Venho apenas dar o meu testemunho, na esperança de que alguns mais distraídos o deixem de ser.

Pois bem. Desde Março do ano passado que trabalho em casa, raramente fui a supermercados (claro que alguém da família teve essa tarefa, como é óbvio), evitei concentrações, fugi de centros comerciais e do laxismo que lá vi quando fui obrigado a ir, como máscaras penduradas no queixo, grupinhos de adolescentes... e de mais velhos com menos responsabilidade que os imberbes.
Se tinha alguma coisa para fazer, usei a mota como meio de transporte, como faço normalmente. Aos fins-de-semana, ainda mais. O deambular sozinho pelas estradas das redondezas ganhou mais significado, para ver algo mais abrangente do que os monitores do computador. Com a Arrábida aqui tão perto, sou um privilegiado neste aspecto. E  há "largueza" suficiente para não estar próximo de ninguém.
No Natal, estive apenas com as pessoas que é costume ter em casa. Não fui a lado nenhum nem visitei ninguém. O Natal! Como previ que a "abertura" ia "dar barraca"...

Adiantando. Quando dou por mim, a minha filha, apesar de estar sempre na sua casa saindo apenas para as compras básicas, deu positivo.
Vi-me na obrigação de contactar a Saúde 24 e dar conta disso. Disseram-me para fazer aquilo que já fazia: ficar em casa. Mas marcar um teste.
Fiz o teste... pela primeira vez na minha vida fiquei danado com uma "positiva".
A minha esposa, que também só anda de scooter, idem. Só que ela havia descoberto há poucaas semanas que era diabética....
"Como foi, quem foi, quando foi"... não vale a pena partir a cabeça a pensar nisso. Apenas que aconteceu.

No meu caso, tive apenas algo parecido com aquilo que o idiota que elegeram presidente do Brasil disse ser uma "gripezinha". Tremuras numa das noites, algo que um "Brufeno" e uma noite bem dormida e suada atirou para trás. Depois, notei a perda de olfacto e de sabor. "Assintomático", como dizem, não passei por nada pior, nem precisei de baixa e continuei a trabalhar em casa - apenas "confinado" sob vigilância. Pela primeira vez na minha vida, não fui votar. Entretanto, o tempo passou e já tenho ordem de soltura... confinado como os outros.

O mesmo não aconteceu com a minha esposa. Dores  imensas pelo corpo, a sensação de que os órgãos estavam todos comprimidos, tosse, mais dores... até que tive de a mandar para onde ela tinha terror de ir. Foi para o hospital de ambulância às duas da manhã. Teve "sorte". "Apenas" passou algumas horas dolorosas sentada numa cadeira até um diagnóstico a mandar para outra secção do hospital. Diagnóstico? Tivesse ido no dia a seguir, podia não estar cá para contar.
Uma semana a oxigénio, dores... líquidos pelas veias. A avalanche de pessoas infectadas no hospital era tanta que durante esse tempo nunca consegui falar com ninguém que me explicasse o estado dela, cada vez que chegava à fala com ela, pelo telemóvel, sentia-a desfalecer por trás da máscara.

Uma coisa que me disse sempre e que eu interpretei como uma forma de não me alarmar: "Estou a ser bem tratada".
Agora, já em casa, confirma-o. Do pessoal médico ao de enfermagem, passando pelas pessoas mais modestas que lhes prestam auxílio, oiço falar de dedicação, apesar da situação de quase caos pela chegada ininterrupta de infectados ao hospital, até mesmo o sublinhar de algum humor para desvanecer o desânimo numa situação descrita como se de uma "guerra" se tratasse.

Apesar das dificuldades e dos desinvestimentos de décadas na Ideia generosa que é a de um SNS para todos, apesar das condições que foram ultrapassadas pela evolução da Pandemia, temos gente, e que gente!, a fazer frente a este rio furioso de pestilência que tem arrastado muitos de nós.
Fica registado. A melhor forma de os ajudar, é duplicar a nossa atenção no dia-a-dia. Não facilitar! A infecção não ataca apenas os irresponsáveis (assim fosse!) mas todos.

Já que acabo com uma homenagem a esta conquista civilizacional da nossa Democracia, o SNS, lembro que a ideia é frágil. Há muitos países que não o têm. Alguns deles, com poder militar para obliterar um outro país no outro lado do planeta, têm cidadãos a morrerem em casa por falta de assistência médica... ou de um Seguro que cubra o dano.
Assim, depois de ter passado de moda o bater de palmas na varanda como homenagem ao SNS (as "redes sociais" são assim, de "modas" ainda mais efémeras que a definição de "moda"), quero sublinhar que aqueles números que a comunicação social quer ser "a primeira" a dar representam pessoas. E que muitas mais pessoas engrossariam os gráficos com que a comunicação social adora dramatizar o drama se não tivéssemos gente que não  luta contra "curvas" mas para salvar pessoas, todos os dias. A estes, a minha homenagem.
Se mais não posso fazer por vós, gente do SNS que salva a nossa gente, fica aqui este testemunho. Bem ajam, bem hajam.
« Última modificação: 01 de Fevereiro de 2021, 14:54 por karloxilva »
"O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm." René Descartes

Offline moto2cool

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Re: A luta contra o Covid (e uma homenagem ao pessoal do SNS)
« Responder #1 em: 01 de Fevereiro de 2021, 15:49 »
Antes de mais parabéns por esta nuvem passar sem danos, infelizmente cada vez mais não podem orgulhar-se disso.
De homenagens nem quero falar, ainda me lembro que os prémios do Algarve foram uma homenagem aos profissionais de saúde .
Mas a grande verdade é que apesar do caos que a comunicação social nos vende ( em alguns casos até é verdade) o SNS e os seus profissionais estão preparados para enfrentar muito e os hospitais ainda são sítios seguros, embora seja onde mais circula o vírus por razões óbvias.
Nesta fase o trabalho é intenso mas na primeira fase, com muito menos casos, o medo era maior porque era desconhecido.
O que não suporto nas homenagens é a tentativa de apropriação da imagem de forma indevida. Quando dão medalhas e prémios os políticos estão a dizer que estão desse lado. Nada mais errado e esta última fase está a mostrar isso.
Coloco aqui um texto que circula na net e não sei quem é o autor:


"A TEMPESTADE PERFEITA
(Covid e Incompetência)

Quiseram-nos fazer acreditar que tinha sido apenas a irresponsabilidade do Povo, nas festas do Natal e do Ano Novo.
Não é verdade!
A negligência do Povo, contribuiu minimamente para a tempestade perfeita de Covid-19, que se abateu sobre o nosso País.
O que é que aconteceu então, que precipitou esta tragédia?
O nosso País está no top europeu a receber voos com origem no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul.
O Reino Unido tentou isolar imediatamente o sul de Inglaterra, logo que se detectou a Estirpe Inglesa, mas nós continuámos a receber os cidadãos oriundos da Grã Bretanha, de braços abertos, até eles nos confinarem a nós.
O aeroporto da Portela, deve ser a maior plataforma de tráfego aéreo Europa-Brasil, e continuou airosamente, sem qualquer restrição a receber a Estirpe Amazónica.
Finalmente, através dos eixos Lisboa-Luanda-Maputo-Joanesburgo, entrou a Estirpe Sul Africana.
Nem controles, nem testes, nem quarentenas foram impostos a ninguém.
O lóbi económico da TAP e do Aeroporto de Lisboa, valiam mais do que alguns milhares de vidas.
Depois veio aquela teimosa obsessão em manter as escolas abertas e adorava descobrir quem foi o brilhante cientista português, que nas reuniões da Infarmed, classificou as escolas como lugares seguros e as crianças e jovens como expectadores inocentes. Provavelmente alguém que se actualiza diariamente lendo as Seleções Reader’s Digest.
Finalmente, que raio de confinamento é este em que só fecham cafés e restaurantes, quando só na indústria, não essencial à sobrevida imediata, trabalham mais de 1 milhão e 250 000 Portugueses.
Se parassem tudo durante 1 mês, talvez fosse possível controlar a crise sanitária e depois sim, com equilíbrio e sustentabilidade, fosse possível recuperar a economia.
Mas este Governo não é carne nem é peixe e tão depressa, se inclina perigosamente para as ideologias radicais de esquerda, como favorece os interesses do neoliberalismo económico e do grande capital.
Teria sido bom que tivesse sido a Classe Médica e as suas instituições a liderar a crise sanitária, mas submissos a uma Ministra da Saúde, formada em Direito e a um bando de boys, predominantemente estranhos à nossa profissão, que ocupam os postos de poder na saúde, ficámos reduzidos à mediocridade e somos apenas simples “Profissionais de Saúde”, sem voto na matéria.  Como dizia o nosso Bastonário hoje,  “Os médicos são alvo de desprezo e até de humilhação por quem está a gerir o país”.
Mas desenganem-se os que pensam que a incompetência na saúde é resultado de um particular contexto político-partidário.
A gestão da Saúde tem muitas décadas de desvarios e disparates, desde o tempo em que uma conceituada ministra e gestora, cortou o vínculo ao SNS, dos médicos recém-licenciados (o início da debandada), até tempos recentes sob a tutela da Troika, em que outro iluminado ministro e gestor cortou 20% das camas hospitalares e 500 milhões ao orçamento.
Mas o pior de tudo, sem qualquer dúvida tem sido a persistência de sucessivos governos, em meterem os amigos sem qualificação, nos gabinetes dos decisores.
A Saúde em Portugal está entregue aos bichos!
Não fui eu que escrevi, mas partilho porque as verdades têm que ser ditas e eu concordo com o que está escrito."
"Viver a vida não é esperar que a tempestade passe, é aprender a andar à chuva"

Offline Sergio-fininho

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Re: A luta contra o Covid (e uma homenagem ao pessoal do SNS)
« Responder #2 em: 01 de Fevereiro de 2021, 15:56 »
..boas caro companheiro espero rápidas melhoras a ambos...
Desde 17/10/2003. Acidente de mota, e em 2004 quimioterapia,  que tenho a plena noção que os hospitais sao quase todos iguais...sim sao...... Mas uma coisa   É certa eu pelos  varios hospitais que passeio a diferença esta nas pessoas que nos tratam.... Pois tive a plena noção quase tudo o que era hospitais do seguro , era o deixa andar ou o passa.lhe  mais uns dias de bx.
Onde fiz a quimioterapia ( nao vale a pena mencionar  os hospitais ) desde um simples ai,  á dor mais forte nunca tive razao de queixa , andavam sempre devolta de mim. ..
 Alias sempre que me era possivel ate fazer os ditos 5 anos apos a alta médica fiz sempre questão de visitar a equipa medica  e nao á nada neste mundo que pague o que fizeram por mim e por todos os que por lá passam..  . ..ai e tal sao pagos para isso... Sim é verdade... mas também podem receber para vos tratar e " cag***" no assunto...
Ate o pessoal do inem fiz questao de ir agradecer... Mas acho que ainda é pouco...

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« Última modificação: 01 de Fevereiro de 2021, 16:00 por Sergio-fininho »

Offline davidsantos

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Re: A luta contra o Covid (e uma homenagem ao pessoal do SNS)
« Responder #3 em: 01 de Fevereiro de 2021, 22:24 »
Tudo a correr bem companheiro, é isto de facto não está para brincadeiras..
Sym Gts SE 12/2013  5/2017 a 11/2018
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Offline Paulo Renato Ferreira

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Re: A luta contra o Covid (e uma homenagem ao pessoal do SNS)
« Responder #4 em: 02 de Fevereiro de 2021, 08:59 »
Justa homenagem do Karloxilva ao SNS.

Neste momento, a única forma que tenho de homenagear o SNS e todo o trabalho árduamente desenvolvido, é ficando em casa em autêntica prisão domiciliária com o mínimo de saídas precárias possíveis.
Perante esta atitude, revolta-me, diariamente, ver nos órgãos de comunicação social, uma série de energúmenos que se andam a passear, em festas privadas, em almoçaradas, em convívios, como se nada se passasse, não respeitando nada nem ninguém, só me apetece...
  _martelada_ _Zang_ _martelada_