São imbatíveis em mão de obra barata.
É óbvio que o preço da mão-de-obra importa, mas não só, também são imbatíveis em número de consumidores. E disso tiraram partido os respectivos governos, que criaram regras que obrigam as marcas a montarem os seus produtos localmente - e fizeram-no bem.
Por curiosidade, quem há umas dezenas de anos reparasse no parque automóvel da administração e empresas públicas portuguesas veria uma grande quantidade de Renaults, e não só, também nos particulares a marca francesa era dominante. Uma febre francófona em Portugal? Não, uma grande fábrica em Setúbal e acordos fiscais e outros com a Renault.
Só que, como o nosso mercado era/é pequeno, grande parte das viaturas era para exportação, não estávamos dependentes apenas de nós mas da marca.
Entretanto, as alterações políticas abriram mercados bem maiores no leste da Europa, e foi para lá que as fábricas foram. Além de termos deixado de ter independência para determinados tipos de acordos discriminativos que possam beneficiar o país...
O que é facto é que um país que não pode absorver parte da produção local de marcas estrangeiras tem sempre uma capacidade negocial comparativa fraca.
Ninguém quer encarar a coisa assim, mas o que resta de linhas de montagem em Portugal, mormente automóveis, são autênticas bombas-relógio sociais. Competir com os outros na base do preço da mão-de-obra baixa e não de uma aposta em inovação e em produtos tecnológicos de primeira linha é um passo para o descalabro. Haverá sempre quem produza mais barato. Hoje é a Ásia, amanhã a África ou o médio-oriente.
Os chineses já perceberam isso e esforçam-se para aplicar o "aprendido" com diversos graus de sucesso. Ninguém diria há trinta anos que os norte-americanos teriam medo deles em... tecnologia de informação.