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 Kawasaki Versys 650





Já desde há alguns meses que andava com vontade de testar este modelo da Kawasaki…a Versys 650, não só porque sempre apreciei a mesma desde as gerações mais antigas e de farol arredondado/ovalizado, como também acho esta nova muito bem conseguida esteticamente, ao ponto de a ver mesmo como uma das mais apelativas do seu segmento.


Se recuarmos um pouco na já muito vasta história da Kawasaki, percebemos que o produto “Versys” não apareceu assim há tanto tempo no catálogo da marca, mas foi graças àquilo que vale e também à sua polivalência – tão procurada nos dias de hoje – que conseguiu reunir um bom número de admiradores, ganhando clientes para a marca e cimentando um nome que, actualmente, é bastante respeitado dentro da sua gama.


Terão passado apenas 10 a 11 anos desde que pela primeira vez apareceu a Versys no mercado e, na verdade, o seu nome não poderia ter sido melhor escolhido. A Versys é…versátil o bastante para se intrometer no segmento das Dual Purpose  (ainda que não tenha os argumentos para tal, mas “enganando” pela imagem), tem a genica e a acutilância do design para eventualmente tentar captar algum cliente indeciso por uma moto de cariz mais desportivo, ou simplesmente colocar-se como uma forte candidata dentro das Adventure Tourers de média cilindrada…sendo na realidade este último segmento onde a Versys melhor conseguirá captar a atenção de um possível comprador.






A experiência da Kawasaki teve assim a capacidade de tornar este modelo quase como uma moto camaleónica, que agrada a um público suficientemente alargado e a quem entrega todo um know-how que já leva muitas décadas no desenvolvimento de motos.


E já que falei no nome deste modelo mais acima, e antes mesmo de descrever as sensações da sua condução, dou-vos a conhecer que a palavra Versys deriva de duas outras palavras de origem Inglesa…Versatile e System, que combinadas dão o nome bem escolhido de Versys.


O resultado disto (na prática e em contexto de utilização real) é uma moto que tem tudo para justificar plenamente uma entrada perfeita na categoria de middleweight all-rounder, designação Inglesa que traduzida à letra e sem grandes artificialismos de palavras, se resume a uma moto de média capacidade pronta para a esmagadora maioria das condições com que se depare o seu condutor num dia-a-dia comum.






Mas vamos lá a perceber porquê…


Este test-ride teve uma duração aproximada de 1 hora e 20 minutos, sem me ter sido dada qualquer limitação de tempo ou kms por parte do concessionário, tendo sido esse o tempo que dediquei à Versys 650 por forma a tentar captar o máximo de sensações permitidas na sua condução ou detalhes da sua concepção.


Mas vamos desde já começar pelo seu design, que se destacava por uma bem conseguida cor Titânio.…
A Kawasaki Versys 650 teve a capacidade (ou ousadia, vamos lá…) de combinar elementos estilísticos, muitos deles onde se abusa dos ângulos e formas vincadas e que, como disse mais acima, não a deixam categorizar de forma fácil, o que acaba por ser uma vantagem para quem procura algo que não siga um género bem definido e intransponível naquilo que oferece.


Trata-se de um modelo cujo design, bem proporcionado, acaba por reunir um estilo de moto com um lado mais desportivo, com uma altura e estrutura base de moto Sport Adventure e ao mesmo tempo uma jovialidade e irreverência de formas, que parece apelar – sem o ser – a um cariz ousado de Street Bike.


Confuso??
Eventualmente sim…mas não! E a condução desta moto também teve a sua quota parte em explicar-me porquê!






Começando pela altura do seu banco, devo dizer que pode assustar um pouco os de “perna curta”, pois mesmo tendo eu 1,81m sinto o dever de clarificar que fiquei longe de conseguir assentar ambos os pés no chão.


Estamos a falar concretamente de uns bem altos 840mm, coisa que nem o perfil do banco ajuda a mitigar. E sempre que chega o momento de colocar os pés no chão, a altura de perna pode fazer ali a diferença.
Mas o pior disto é que existe ainda outra questão que mereceu da minha parte alguma estranheza e incómodo: a posição das peseiras!


E passo a explicar…

Quando estamos sentados na posição normal e que é no fundo aquela que é permitida pelo próprio banco bi-partido, as nossas pernas vão encontrar no caminho as peseiras, as quais neste modelo estão suficientemente salientes e posicionadas de tal forma, que causam incómodo e dificultam um assentar mais seguro do pé no chão.


Não é nada que eu não tenha já sentido noutros modelos – mesmo de outros segmentos – mas neste caso, com a própria altura do banco a (des)ajudar, a coisa não podia ter da minha parte senão uma referência e explicação mais detalhada, mesmo sendo algo que pode ser mais ou menos sentido, conforme a estatura de cada um.






Daqui para a frente e em matéria de posição de condução, é difícil encontrar-lhe pontos fracos.


Assim que começamos a andar sente-se logo que vamos bem “encaixados” na moto, os braços vão a uma altura correcta e ligeiramente abertos, as costas vão perfeitamente direitas e sem ser expectável a existência de desconforto após longas viagens e a própria posição das pernas segue num ângulo correcto…havendo aqui porventura um pau de 2 bicos, ou seja, as peseiras estão no local perfeito quando se está em plena condução, mas desagradam no momento de parar e colocar os pés no chão.


Diria que a posição de condução permitida pela Versys 650 é perfeitamente natural e convida a apreciar qualquer viagem, por mais pequena ou maior que seja.






Em termos de conforto também não há nada a apontar (resulta de forma muito positiva), assim como a capacidade que este banco tem em limitar os movimentos do corpo, dada a boa concepção do mesmo e que leva a que nos sintamos bem e estejamos correctamente sentados a  bordo da Versys 650. Inclusivamente a protecção aerodinâmica na zona do tronco senti que é mais do que satisfatória a circular até ritmos de 120-130kmh, tendo o vidro alto de série cumprido a sua função sem ter nada que lhe apontar…inclusivamente não estorvando em nada a capacidade visual, já que fica abaixo do campo de visão em plena condução.


No que toca ao painel de instrumentos, confesso que o acho algo minimalista na sua apresentação, mas acaba por ter o que é necessário. O conta-rotações domina por completo a zona superior e, logo abaixo, tem o painel digital onde se encontra a informação necessária e onde me cumpre dizer com satisfação…já tem o gear indicator.






Faço no entanto aqui uma pequena chamada de atenção para o facto de o painel estar muito distante do condutor, o que por um lado felizmente não limita em nada a leitura da informação nele contida, mas por outro acaba por obrigar a um esticar do braço e movimento corporal demasiado pronunciado para aceder aos botões que permitem a pesquisa da informação do computador de bordo…


Quanto aos espelhos têm um design muito estilizado, o que acaba por ser do meu agrado quando se olha para os mesmos, sobretudo estando a apreciar a moto “do lado de fora”. Mas acaba por sacrificar em demasia a informação daquilo que se passa atrás de nós, sempre que a conduzimos, tendo de entender que aqui a opção da marca foi muito mais a de buscar a forma do que a função…






Relativamente ao motor…


Bem, esta parte será porventura aquela que mais motivará qualquer comprador a decidir-se por uma moto, colocando em 2º plano tudo o resto, mas se calhar erradamente ainda sou daqueles que crê em que uma moto vale sim pela soma das suas partes.


E se o leitor destas minhas humildes palavras o que pretende é saber se o motor é bom e agrada, a resposta é um redondo sim!
A Kawasaki é conhecida por ter motores com boas perfomances, com genica e muita garra, mas aqui teremos de olhar à questão de forma objectiva e centrada no tipo de segmento em que se insere.


O bloco é um bicilindrico paralelo com 649cc, com uns aceitáveis 69cv…e uma elasticidade mesmo “à medida”.






Ao longo desta quase hora e meia de convívio pude explorar o bloco em diversos regimes, pude sentir a forma como crescia a rotação desde velocidades mais baixas, pude perceber como eram as retomas de velocidade após ultrapassagem, pude perceber qual a velocidade de cruzeiro em que o motor se sentia mais à vontade…e esta Kawasaki acabou por mostrar um desempenho mecânico perfeitamente honesto e apto para devorar Kms de estrada a um ritmo de velocidade que, garantidamente, só mesmo um condutor muito habituado a altas cilindradas poderá achar “curto”.


Este será assim mais um caso típico de que se olhássemos somente para as suas specs, iríamos ficar com uma ideia longe do potencial da máquina aqui em questão.


Para este modelo, a casa de Akashi dotou-a da tecnologia de duplo acelerador de válvulas e que, segundo a marca, contribui para um melhor desempenho.


Pois aquilo que posso dizer é que na prática resulta muito satisfatório, pois não só a resposta ao acelerador é praticamente imediata, como se nota igualmente uma quase ausência de brusquidão ou solavanco na subida decidida de velocidade.


Não é claramente moto que tenha potência para dar um “coice” se acaso se for pouco meigo com o punho direito, mas a resposta mecânica acaba por ser muito linear e agradável, sendo difícil apontar-lhe defeitos àquilo que consegue fazer com 69cv de potência.


Nota igualmente positiva para a quase ausência de vibrações sentidas a bordo da Versys, a que não será alheia a colocação de apoios de motor em borracha e não rígidos, o que aliado a um quadro tubular em aço de elevada resistência, dão uma sensação – real e percepcionada - de muita solidez a todo o conjunto.






Em matéria de suspensões a marca parece-me estar um degrau acima da sua concorrência, pois não só tem suspensões de qualidade para este segmento (da conhecida Showa, e que muitos não saberão mas é uma marca com cerca de 80 anos e que começou no fabrico de componentes para a aviação), como lhe adiciona a possibilidade da forquilha invertida de 41mm ter regulação da pré-carga ajustável…sendo este último ponto que fará a diferença para a concorrência neste segmento, em face da possibilidade concedida em se encontrar o setting perfeito para cada condutor, carga ou tipo de condução e percursos que se tomem.


A filtragem do que se passa é a bastante para sentir o que se está a passar por baixo de nós, mas sem ser intrusiva o suficiente para causar desagrado.


Em empedrado ou em estrada, a baixa velocidade ou a ritmos mais elevados, esta 650cc tem uma suspensão perfeitamente capaz de uma utilização variada, mostrando igualmente a sua capacidade em recuperar a energia da compressão numa forte travagem, como aconteceu numa das situações em que, numa chegada a uma rotunda para testar a travagem, ataquei a travagem para ver o que valia...não tendo afundado a moto excessivamente nem reflectindo depois no guiador desconforto pela descompressão.


A capacidade em curvar é excepcional e muito facilitada tanto pela solidez de todo o conjunto, como pela precisão e sensibilidade oferecida por este modelo. Nem o peso de quase 220Kg se intromete de forma negativa e conduzi este modelo como se já andasse nele há muito tempo…


Inclusivamente para o conforto e mesmo sem ter estado a mexer na regulação da pré-carga desta moto de teste, senti que a condução deste modelo permitirá perfeitamente uma utilização em tiradas maiores e sem que daí venha a sentir-se desconforto.


No total fiz algumas dezenas de Kms, pelo que ainda assim devo dizer que a minha conclusão deve ser vista como algo limitada neste aspecto, pois para tal não acontecer teria de envolver uma convivência e utilização mais demorada com esta Versys.






E já que falei mais acima na travagem, nova nota positiva para a capacidade da Versys em reduzir a velocidade de forma rápida e decidida, mantendo um dosear e sensibilidade da manete fabuloso.


O travão de trás, se utilizado de forma isolada e sem auxílio da travagem à frente, ainda assim ressente-se bastante, sendo notório que a Versys pede que se trave simultaneamente as duas rodas, para a máxima eficácia. O que é aliás como se deve fazer…


A Kawasaki dotou-a de duplo disco à frente do tipo semi-flutuante, em forma de pétala (que curiosamente é o que mais gosto de ver numa moto com “gene desportivo”) e com 300mm de diâmetro, os quais são mordidos por duas pinças de 2 êmbolos. Atrás a travagem compete a um disco de menor diâmetro, com uma só pinça de um êmbolo.






Ao longo da sua condução passei por diferentes situações de condução e fiquei com uma ideia suficientemente abrangente do valor desta Kawasaki…e isto para dizer que a sonoridade que nos acompanha para onde quer que vamos achei-a demasiado filtrada e pouco audível sempre que circulamos a baixa velocidade, não tendo nesse contexto sido algo que me agradasse em especial, bem pelo contrário.


Felizmente que muda para melhor noutro tipo de ritmos mais fortes, elevando os decibéis q.b. assim que se roda o punho direito de forma mais decidida, como por exemplo para fazer uma ultrapassagem, onde a sonoridade já se mostra presente e agrada em rotações mais altas.


O design do próprio escape acaba por seguir uma tendência que tenho visto noutros modelos, mesmo de segmentos diferentes, ou seja, muito curto, com a saída ligeiramente na lateral da moto e colocado na zona inferior da mesma. Devo dizer que na Versys me agradou esta opção… Como se costuma dizer, “casa bem” com o modelo.






Em termos de iluminação, não a tendo conduzido à noite será de todo impossível tecer qualquer comentário quanto à capacidade na iluminação (alcance, distribuição e intensidade) daquilo que se passa à nossa frente, mas não deixo de fazer aqui apenas aqui um reparo para a opção da marca em colocar apenas um farol a dar médios.


É algo que me causa sempre muita estranheza este tipo de situação nas motos (“aborrece-me” por assim dizer), como é o caso da Versys que tem duplo farol e tem apenas um a dar médios e outro para os máximos. Obviamente que não deixa de ser uma opinião muito pessoal e que acredito até não ser - porventura - partilhada por muitos outros motociclistas em estudos de opinião, já que isto que digo e constato é algo que acabo por ver em muitas outras marcas e modelos.


Quanto à transmissão da Versys 650 tenho a tecer bons e merecidos elogios, mas também uma pequena “crítica relativa”.


E desde já começo por dizer que a transmissão de 6 velocidades, com corrente selada e embraiagem húmida multi-disco permite uma utilização super fácil, com um escalonamento muito preciso e, na minha opinião e fruto da convivência que tive com este modelo, creio ser mesmo quase “à prova de falhas”.


Ouve-se no entanto um certo “clanck” na engrenagem das mudanças mais baixas, especialmente se circulamos a velocidade de cidade, tendo estranhado um pouco aquele som algo metálico e perfeitamente audível.


Mas como a moto estava praticamente nova e com pouquíssimos Kms, acabou por não ser algo que me preocupasse absolutamente nada ao longo de todo o teste.
Porém, não deixou de ser algo que comentei no final com o gerente do concessionário…e que confirmou o que lhe dissera, tendo-me informado dever-se ao tipo de lubrificante de fábrica com que a moto chega aos concessionários, tornando-se depois algo que quase desparece ou reduz-se bastante quando chega a altura da 1ª troca de lubrificante.


Ainda quanto à transmissão e possivelmente agora contrariando o que em tempos li sobre a dureza da mesma, pois…nesta unidade que conduzi eu posso considera-la, em termos de acionamento e precisão de caixa, como uma das motos mais fáceis de levar.


Tudo se passa quase sem esforço, não existe aqui aquela dureza que conheço de outros modelos que já testei…e acaba por resultar muito bem na maioria das situações de condução em que nos encontremos, facilitando e muito a sua utilização.






Em jeito de conclusão e porque esta descrição do modelo também já vai longa e por certo aborrecida para quem tenha tido a invejável coragem de ler todas estas linhas, cumpre-me dizer e em consciência que a Versys 650 é de facto uma moto que agrada na sua condução.


Não tem reacções estranhas, mostrando-se sempre bastante segura, está bem construída e demonstra solidez e cuidado na montagem, conta com um motor que cumpre perfeitamente na maioria das situações do dia-a-dia, tem uma capacidade de depósito (21L) verdadeiramente invejável, faz valer-se de umas suspensões capazes de uma boa filtragem e ao mesmo tempo uma compressão que oferece segurança se houver maior exigência...e um comportamento capaz de não envergonhar quem se empenhar um pouco mais na sua condução.


É verdade, pela leitura que qualquer um faça na descrição deste test-ride, que não é perfeita (nem as há, a bem dizer!), mas é uma moto que apesar de um preço que considero um pouco alto – cerca de €9.000 na versão base – ainda assim demonstra que a soma de todas as suas partes fazem desta uma opção bastante segura e certeira para quem procura uma moto neste segmento.



NOTA: deixo um agradecimento merecido ao gerente e colaboradores do concessionário Moto Spazio, pela simpatia demonstrada e pela possibilidade que me foi dada em experimentar esta Versys 650.

Sapiens21:
Como li ontem e novamente hoje o reavivar de um tópico por cá criado há muito tempo, intitulado: "O CPM tem lugar para as motos?", pensei para mim...

Vou lá postar algo sobre as mesmas... :)

Aqui fica assim um test-ride a uma moto, para o caso de interessar.

mpaneves:
E até fui eu a repescar o tópico .
Bom texto informativo, obrigado pela partilha Isaac.
Abraço.

pjose:

--- Citação de: Sapiens21 em 26 de Dezembro de 2017, 13:06 ---Como li ontem e novamente hoje o reavivar de um tópico por cá criado há muito tempo, intitulado: "O CPM tem lugar para as motos?", pensei para mim...

Vou lá postar algo sobre as mesmas... :)

Aqui fica assim um test-ride a uma moto, para o caso de interessar.

--- Fim de Citação ---

Excelente test-ride, é uma das motas mais atrativas no mercado e com certeza que tem muitos interessados.   _palmas_

Cmps,  scooter_

fernandogarcia:
Excelente test-ride.
Obrigado pela partilha Isaac

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