Numa visita à Motobelas, calhou-me a sorte de dar uma voltinha com a versão 2015 da TMax. Apesar de ter realizado poucos mas muito selectivos kilometros na nacional 117, deixo a minha opinião:
Para começar, tenho obrigatoriamente de começar pelo sistema start-stop. A chave tradicional deu lugar agora a um keyfob que achei um pouco volumoso, mas que pelo formato espalmado não incomoda tanto nas calcas como temi quando os meus olhos lhe bateram em cima pela primeira vez
.
(é bastante maior do que outros keyfob semelhantes
)
O sistema funciona muito bem e de forma intuitiva, existindo numa das faces um botão de dimensões generosas, ideal para ser manuseado com luvas com a função do "start/stop". O bau mantem a sua posição de abertura onde antigamente estava a chave mas o seu acionamento passa a ser feito através de um botão. A chave mantem o sistema tradicional, com a lamina dentada a estar dentro da caixa plastica e havendo um canhão de emergência dentro do porta luvas para o caso de faltar as pilhas ou o sistema avariar
A 2015 tem agora uma tomada de 12v no lado esquerdo. antigamente esta tomada podia ser montada dentro do porta-luvas mas agora passou para o exterior. Por um lado facilita o uso de aparelhos montados em bases Ram, mas por outro lado dificulta por exemplo o carregamento do telemóvel guardado no porta-luvas
A nível de comandos mantem-se tudo normal, com a diferenças apenas no aspecto do quadrante que estão um com um visual mais intemporal e menos racing do que na 530 antiga.
Assim que a metemos a trabalhar e inciamos a marcha, o ADN está lá todo... e como se diz na gíria popular "a maça não caiu muito longe da macieira"
a Iron é uma versão revista melhorada da 530, sendo ainda muito notória, mas já distante uma ligação umbilical à minha velhinha 500.
Onde se sente mais, é nas manobras a baixa velocidade, onde existe já um fosso substancial para com para a minha 500 fruto da redução e abaixamento das massas. Sinto esta nova T com uma agilidade ainda maior do que anterior (2013), e que apesar da longa distancia entre eixos, quase desafia a de qualquer 125cc.
Assim que começamos a rolar um pouco mais rápido a primeira coisa que não pude deixar de notar face à anterior 530 são os espelhos. Tem uma forma mais complexa que supostamente traz vantagens em termos de turbulência na zona do peito e ombros mas tem um formato que requer alguma habituação a ler e não são tao diretos como os de formato quadrado da minha 500.
Ainda antes começar a ganhar velocidade a serio, ha que registar um maior vocalidade do motor, assim como uma curva de entrega muito elástica e com uma maior eferverscência na zona das 3-4 mil RPMs
Assim que chegamos as curvas, é caso para dizer que a "espada do samurai" está ainda mais equilibrada e afiada! A T aponta-se muito bem , reagindo com muita facilidade e leveza aos mais ligeiros inputs. Em curva mantem-se facilmente ajustável e com muita disponibilidade para correções e ajustamento de trajectoria e permitindo velocidades de passagem e o aplicar doses generosas de acelerador ainda deitado, mantendo-se sempre bem agarrada ao alcatrão e sem qualquer reação que assuste ou intimide um principiante como eu
A travagem também levou uma melhoria, com as novas pinças radiais, herdadas da MT09, a terem ligeiramente mais potencia de travagem e um bite inicial (ainda) mais forte. O toque da manete não é muito diferente da minha 500, mas nota-se uma travagem mais forte e uma afinação do ABS mais relaxada do que na 530 de 2012 (e não é fácil faze-lo disparar à frente).
Atras, continuo a achar que o disco está sobre-dimensionado e nas travagens mais fortes é fácil de excitar o ABS
o que é uma pena pois pode-se induzir alguma sobreviragem usando de forma criativa o travão traseiro na fase de inserção.
Mas verdadeiramente genial é a nova forquilha, controlando de forma perfeita e verdadeiramente irrepreensível o pitch em travagem e sendo ligeiramente mais lenta no movimento de rebound, tornando-a mais precisa e incisiva, e passando ao condutor um (ainda) maior controlo do eixo dianteiro.
Nota-se também a filtragem definitiva da sensação do funcionamento do amortecedor traseiro, que na 500 faz-se bem notar. Toda esta melhoria resulta que em em curva a T seja muito mais eficaz e passe o entusiamo ao condutor de uma forma verdadeiramente infeciosa!
Como disse, o ADN está lá... apesar do comportamento desportivo T é extremamente fácil, previsível e segura... mantendo uma estabilidade inabalável, e ao fim de 2 kilometros já estava a fazer ângulos como faço com a minha nos dias em que estou bem disposto, certamente os Dunlop GRP 100 deram a sua ajuda pois estes pneus são fantástico na T, (ou será que é a T que é fantástica com estes pneus??)
Tinha curiosidade para ver o power dos novos faróis LED mas por motivos óbvios tal não foi possível, registei foi que agora o médio acede os 2 faróis.
O motor apesar de eu achar que não foi revisto para estava nova versão, denotou mais potencia no médio regime, mas achei-o um pouco mais amorfo em alto regime, possivelmente fruto do facto de ainda estar em rodagem, pelo que não tiro desta observação qualquer conclusão. A suavidade e elasticidade do 530 em praticamente qualquer regime mantem-se
Conclusão e opiniões pessoais
Apesar de esta versão de 2015 ser apenas uma evolução achei que em alguns pontos há uma diferença substancial para o modelo de 2013. A mais obvia é sem duvida a facilidade e o apetite que a 2015 tem em curvar.
A melhoria que os novos travões radiais trouxeram é que já é mais subtil e não soubesse da diferença não a teria detectado grandes diferenças para o setup anterior. Sem duvida que aqui há 2 grandes culpados: a já boa competência das pinças axiais e a nova suspensão invertida também herdada da MT09 que acaba por mudar muito o comportamento do deslocamento vertical da frente e permite um uso mais violento da manete esquerda.
O sistema de chave é bastante pratico, apesar das dimensões do keyfob. Certamente passaria a andar com ele no bolso do casaco ou então dentro da mochila sem necessitar mais de recorrer ao seu manuseamento sempre que metesse a T a trabalhar.
Por fim, talvez a mudança mais discutível: o design... acho que amenizaram um pouco, sobretudo nas ópticas, o design futurista da 2013 que até era da minha preferência, possivelmente devido ao facto da clientela da TMax ser na sua maioria “jovens” que já entraram nos “entas” (50% dos possuidores de TMax tem mais de 40 anos e menos de 55) e a Yamaha não pretender perder clientes para a sua concorrência directa, leia-se Integra 750 e C600 Sport que tem designs mais consensuais do que a 530 de 2013.
Novamente, a pior parte deste Test Ride foi ter que devolver a chave e saber que um hipotético upgrade para uma 530 de 2013 ou 14 ganhou uma nova complexidade: "porque não uma de 2015???"