Autor Tópico: Experimentei uma "Mercedes" eléctrica, a Vectrix com bateria de Li  (Lida 14780 vezes)

TodayAdventure

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Tive recentemente oportunidade de experimentar uma scooter eléctrica, que é uma espécie de modelo de luxo nesta classe. Cortesia da MotoMorais, em Bragança. Não tive preocupações de ver o "catálogo nacional" de eléctricas à venda em Portugal, mas julgo que este deve ser o modelo de scooter eléctrica mais caro à venda no país. Calhou dois amigos motociclistas aparecerem cá na cidade no fds em que andava com a bichinha e tiveram oportunidade de a ver - e de a tentarem perseguir serra acima, à procura do almoço.  :D

Alguns números de catálogo do modelo que experimentei, o Vectrix VX-1 Li, com baterias de Lítio:

Velocidade de ponta: limitada electronicamente a 100 km/h reais (no ponteiro 115 Km/h)
Aceleração: 6 segundos dos 0 aos 80 km/h
Peso: cerca de 200 Kg
Potência máxima: 21 KW (uns 28-29 CV)
Autonomia máxima de 80 km
Tempo de carga da bateria de Lítio: 3 a 4 horas (carregador de 1.5 kW)
Preço de 2011 do modelo VX-1 Li: cerca de 10200 €
Duração anunciada das baterias: 10 anos ou 80.000 kms (Nota: a "duração" típica é baseada num critério de redução de uma percentagem de capacidade de armazenar energia - creio de de 20%)

Nota: A Vectrix é uma marca americana. Site do fabricante: http://vectrixeurope.com/ . Manual da moto em português: http://www.vectrix.com/pdf/manuals/Portugese-manual.pdf .

Impressões do meu teste:

1) Acelerações impressionantes! :o As prestações desta scooter são normalmente comparadas com equivalentes de 250-400 cc de motor a combustão, mas a sensação é de que a aceleração é bem superior. Explico isto mais à frente.

2) Apesar dos 200 kg, a scooter maneja-se muito bem na cidade e o centro de gravidade é muito baixo. A suspensão é para o firme, mas o banco muito confortável para o condutor (já o pendura tem os poisa-pés demasiado altos). Há duas posições para os pés do condutor: na plataforma horizontal e colocados à frente, como numa custom. Gostei particularmente desta última, perfeitamente praticável aqui nesta (pequena) cidade com trânsito moderado.

3) Alguns plásticos aparentam uma qualidade mediana e alguns detalhes de acabamento mostram uma qualidade de construção um pouco aquém das japonesas. Mas a estética é, em minha opinião, muito apelativa. Nos paralelos há barulhos que não cheguei a perceber se eram plásticos ou provenientes dos órgãos de transmissão.

4) Simplicidade total. Uma scooter eléctrica tem cerca de 10% das peças de uma moto com motor de combustão - o que significa menos possibilidades teóricas de avaria - não tem manutenções periódicas e o funcionamento da instrumentação é do mais simples.

5) Autonomia: MUITO variável e poderá nada ter a ver com o máximo anunciado pela marca (80 km). A consumo de energia tem essencialmente a ver com: i) aceleração ii) velocidade. Grandes acelerações e grandes velocidades (muito fáceis de conseguir) acabam com a bateria "num instante". A moto também é muito sensível ao peso transportado. Um pendura pesadito aumenta o consumo. Há duas indicações sobre a carga e a autonomia. Um gráfico de barras semelhante ao do mostrador de nível de gasolina que exibe a carga disponível e sobretudo um indicador da "estimated range" (distância estimada que ainda podemos percorrer até esgotar a energia). Se formos muito suaves a acelerar e/ou em descida, esta "distância estimada" pode ser bastante grande, mas umas "gazadas" de acelerador a fundo e autoestrada a fundo fazem com que esta indicação passe a ser de 20 ou 30 km. Esta indicação de "distância estimada" está sempre a mudar e é baseada no estilo de condução durante um certo número de quilómetros anteriores. Não andei uma carga inteira a fundo, mas acredito que a autonomia pode não ir além dos 25/30 Km, se andarmos depressa (e a bicha convida a isso).

6) ZERO emissões de gases poluentes, é claro. É muito silenciosa, mas faz um pequeno barulho semelhante a uma turbina. É um facto que temos de contar com distracções constantes dos peões e automobilistas que não nos ouvem aproximar - e fazem manobras sem olhar (porque nada ouvem). Senti isso perfeitamente nesta pequena experiência de condução. É preciso bastante cuidado.

7) A forma como a potência é entregue neste motor (suponho que é uma característica típica de todos os eléctricos) é diferente da que acontece nos motores de combustão. A diferença é bem notória. Um motor eléctrico tem um arranque fulgurante e a potência máxima ocorre a muito baixa rotação. É uma experiência muito interessante, estarmos a meio de uma curva, vermos que há margem para alargarmos a trajectória e enrolarmos o punho. A moto responde com uma rapidez impressionante que os que curvam com um motor de combustão a média rotação não estão habituados. Mais estranho ainda, em (quase) total silêncio. É por causa deste comportamento diferente do motor eléctrico que fica a sensação de estarmos a conduzir uma moto mais potente do que as típicas 250-400 cc com que a comparamos.

8 ) Travagem regenerativa: quando nos habituamos, não queremos outra coisa. Para além dos travões traseiro e dianteiro (Brembo) que se accionam da forma convencional nas scooters, é possível travar com o motor, rodando o punho na direcção contrária à da aceleração. Não só desta forma se pode travar, como as baterias carregam durante a travagem e a autonomia aumenta um pouco. Ao princípio não estamos habituados e estranhamos esta possibilidade de travagem, mas depois começamos a usar e pouco utilizamos os travões convencionais. Muito fixe!

Em conclusão: a autonomia reduzida (na prática) e o tempo necessário para o "reabastecimento" são ainda um enorme obstáculo a que esta eléctrica de luxo (e as eléctricas, de um modo geral) sejam usadas fora de um contexto puramente citadino e/ou suburbano. É pena, pois é um veículo extremamente agradável de conduzir, muito veloz, ecológico, simples, virtualmente sem manutenção e ultra-económico. No outro lado da moeda está obviamente o seu preço. 10 000 € ainda é algum dinheiro e um motociclista faz ainda frequentemente o raciocínio: eh pá, por estes carcanhóis, posso comprar uma "moto a sério". Mas para quem ande 40 a 50 km diariamente na cidade, já vale a pena fazer as contas ao tempo que este investimento na mobilidade leva a amortizar. A melhoria na tecnologia das baterias certamente ditará uma maior competitividade destes veículos no futuro. Aguardemos. Obrigado à MotoMorais por esta experiência tão interessante!

Uma rapidinha de fotos...









Zé Paulo.

sacg

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Re: Experimentei uma "Mercedes" eléctrica, a Vectrix com bateria de Li
« Responder #1 em: 28 de Setembro de 2011, 14:12 »
21Kw=28,55Hp(DIN)
 Agora a minha duvida pôem-se ao nvel da carta Julgo que será os mesmos 11Kw categoria B e a partir dai categoria A , certo?
 Uma das minha eléctricas preferidas é a LEMev http://www.lemev.com/es_ES/index/caracteristicas mas como podem ver no link diz "continuo 5Kw e de pico 22Cv isso quer dizer que em alguns momentos conduzimos com categoria B noutras A  _lool_.
  Eis a solução de quem só tem categoria B conduzir com perfomances de 250cm3 _Rolley_
  Não nem pensar isto ainda não é para mim não só pelo preço como pela autonomia senão vejam quem se meteu á estrada com uma e no que deu http://www.novaenergia.pt/forum/viewtopic.php?f=62&p=112584  _martelada_
« Última modificação: 28 de Setembro de 2011, 15:00 por sacg »

TodayAdventure

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Re: Experimentei uma "Mercedes" eléctrica, a Vectrix com bateria de Li
« Responder #2 em: 28 de Setembro de 2011, 16:33 »
21Kw=28,55Hp(DIN)
 Agora a minha duvida pôem-se ao nvel da carta Julgo que será os mesmos 11Kw categoria B e a partir dai categoria A , certo?
 Uma das minha eléctricas preferidas é a LEMev http://www.lemev.com/es_ES/index/caracteristicas mas como podem ver no link diz "continuo 5Kw e de pico 22Cv isso quer dizer que em alguns momentos conduzimos com categoria B noutras A  _lool_.
  Eis a solução de quem só tem categoria B conduzir com perfomances de 250cm3 _Rolley_

O que conta para efeitos de carta é a potência declarada nos documentos e no caso da Vectrix VX-1, o que lá vem inscrito é uma "potência contínua" (não a potência de pico) que não excede os 11 kW. Ou seja, de facto estas eléctricas podem-se conduzir com carta B, mesmo que algumas prestações sejam superiores às homólogas de combustão (não é o caso da velocidade de ponta, que no caso de uma 125 com 15 cv é facilmente superior à da Vectrix).

  Não nem pensar isto ainda não é para mim não só pelo preço como pela autonomia senão vejam quem se meteu á estrada com uma e no que deu http://www.novaenergia.pt/forum/viewtopic.php?f=62&p=112584  _martelada_

Quase todos os "electrizados" têm histórias destas para contar. De facto não são para toda a gente, nem para pessoas que não planeiam o seu dia!

Zé Paulo.

Offline Ferro

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Re: Experimentei uma "Mercedes" eléctrica, a Vectrix com bateria de Li
« Responder #3 em: 29 de Setembro de 2011, 20:16 »
Na minha modesta opinião, as scooters eléctricas vão ser o futuro, eu compro uma quando:

- Tiverem autonomia de 300 km's
- Os preços rondarem os 5.000€
- Tempos de carga 2-3 horas

quando estiverem atingidos estes objectivos ( aposto que antes de 2015 ), saiam da frente ! eu vou a correr a um stand.... _lool_ _lool_

Isto seria maravilhoso... _pol_ _pol_


orlando

  • Visitante
Re: Experimentei uma "Mercedes" eléctrica, a Vectrix com bateria de Li
« Responder #4 em: 29 de Setembro de 2011, 22:53 »
Realmente é uma boa scooter.
Qto às velocidades max, elas estão limitadas pela própria rotação do motor...113kmh.
Mas o mais fantástico são as acelerações, disso não há dúvida.
De qualquer das formas quem compra um Ve não é para andar sempre a fundo.
Nos DB's que andam por aí verificamos como o prazer de condução de quem tem um Ve se alterou drasticamente. Aliás conseguem boas autonomias depois de se habituarem à mota: basta organização. E agora com os pontos Mobi-e as coisas estão muito mais fáceis. E como agora há versões de lítio tudo se simplficou..as Vx1 com baterias de nimh exigiam alguma pericia e paciencia aos novatos.
Já estes modelos não exigem tanto know-how por parte do condutor...o preço é que está alto...mas há outras propostas no mercado....basta procurar.
De salientar que devem começar por aí a surgir algumas motas em segunda mão de nimh que merecem ser ponderadas....novas custam + de 8000€...e ainda há pouco estavam no stand virtual por 5000€ de 2008 com cerca de 8000kms. São boas oportunidades para quem se quer iniciar e sabe o que são baterias nimh!
Mas tb há outras motas de litio com bons preços em segundo mão....
Qto aos 300kms de autonomia....neste momento os VE's são veículos urbanos, ou seja, permitem poupanças imensas no nosso dia a dia (um amigo meu conseguiu poupar o suficiente para ie de ferias para ums ilhas)...para os passeios podemos ter outras soluções na garagem. ;D
Para quem faz 40kms...ou tem ponto de carga..ou pode carregar no trabalho..poderá fazer mt mais do que 100kms por dia...Aliás é ver o DB da Mónica e o que ela tem feito com a Sw dela (com carregameto pelo meio consegue fazer cerca de 200kms).
Boas curvas