Autor Tópico: Um terço das vítimas mortais de acidentes de viação têm álcool e 4,3% cannabis  (Lida 2242 vezes)

Offline Sapiens21

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Um terço das vítimas mortais de acidentes de viação têm álcool e 4,3% cannabis




Artigo publicado no: https://www.publico.pt


Estudo analisou dados de autópsias entre 2012 e 2015 e conclui que presença de cannabis foi aumentando. Ou seja, apareceu em 115 vítimas, 72 com idades entre os 15 e os 30 anos.


As autópsias feitas a vítimas mortais de acidentes de viação têm revelado mais a presença de cannabis: em 2012, foram 24; no ano passado, 32. Ao longo dos quatro anos em análise, esta droga foi detectada em 4,3% dos 2691 mortos na estrada. Ou seja, em 115 pessoas, a maioria das quais com idades entre os 15 e os 30 anos.

Os dados constam de um estudo intitulado Se conduzir não bebo, mas um ‘charro’ pode ser…, que compara o consumo de álcool e cannabis em pessoas que morreram em acidentes de viação durante quatro anos, de 2012 a 2015, e que será apresentado na sexta-feira, último dia da III Conferência do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), na Universidade de Coimbra, que tem início nesta quarta.

O álcool continua com uma forte expressão: foi encontrado em 33% das autópsias, percentagem que se tem mantido regular ao longo dos anos, sendo que em 2014 e 2015 a maioria das vítimas apresenta uma taxa de alcoolemia superior a 1,20 gramas por litro de sangue.
Um dos autores, João Pinheiro, vice-presidente do INMLCF, sublinhou ao PÚBLICO que os números são baixos, mas que a subida tem sido consistente ao longo dos anos. E que a percentagem de 4,3% é bastante superior à de 1,39% encontrada num estudo que é uma referência na matéria, Driving under the Influence of Drugs, Alcohol and Medicines, feito em 13 países europeus, incluindo Portugal, entre 2006 e 2011.

Já em 2008/2009 essa percentagem era de 4,2%, segundo o Relatório Anual do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências, A Situação do País em Matéria de Drogas e Toxicodependências.

Voltando à análise de João Pinheiro, Jorge Rosmaninho, António Castanera e Miguel Franco: das 115 autópsias que acusaram cannabis entre 2012 e 2015, a maioria apresentava combinação com outras substâncias – só 51 das vítimas tinha consumido cannabis exclusivamente. As restantes tinham feito misturas, a larga maioria com álcool (73%). A larguíssima maioria destas vítimas, 96%, pertencia ao sexo masculino.

Risco com álcool aumenta 15 vezes
No caso do álcool, a presença nas vítimas autopsiadas aumenta com a idade – dos 746 casos ao longo dos quatro anos analisados, 401 tinham mais de 50 anos – e no caso da cannabis diminui a partir dos 30 anos, chegando a números pouco expressivos na faixa entre os 55 e 60 anos, com apenas quatro casos.

Já vários estudos sobre a cannabis foram feitos. Segundo João Pinheiro, o risco de acidentes é duas vezes maior para quem consumiu cannabis, e conjugado com álcool aumenta 15 vezes.
Para o vice-presidente do INMLCF, os resultados sublinham a necessidade da prevenção. “Isto mostra que temos que apostar na prevenção do álcool mas na cannabis associada. É a droga mais barata, mais consumida, está banalizada e os efeitos são tidos como benéficos por algumas comunidades, factores que favorecem o seu consumo.

Há aqui razões que fazem com que haja aumento. Na acidentalidade rodoviária não tem sido encarada porque em termos numéricos é uma percentagem baixa, mas os nossos estudos apontam que deve ser encarada de outra forma.”
Os dados recolhidos mostram ainda que o número de mortos em acidentes de viação diminuiu de 2014 para 2015 em 17,23% — de 563 para 466 —, bem como as vítimas com menos de 24 anos (46 casos, em 2015, contra 67, em 2014).

Os mais recentes valores divulgados pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária sobre este ano revelam que houve até Setembro 305 mortos em acidentes, menos 22 do que no período homólogo de 2015.

Offline marcio_s

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Apesar de tudo existem aí alguns dados que permitem tirar conclusões positivas. E não refiro apenas ao número de mortos ter diminuído. O facto das vítimas com álcool incidirem maioritariamente numa faixa etária mais elevada mostra que as acções de sensibilização se têm vindo a entranhar geração após geração