Autor Tópico: 10000km depois  (Lida 4777 vezes)

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10000km depois
« em: 04 de Setembro de 2015, 01:17 »
10000km de infidelidades. Parece muito mas passou depressa, o que só pode ser uma forma de elogio.

Após uma primeira apreciação em dezembro de 2014 após completar os primeiros 1000km segue uma apreciação dos 10000km nesta pequena cbf.

Esta aquisição deveu-se à vontade de experimentar o lado "trabalhoso" das motos versus o "relaxado" das scooters.
Seria igualmente o preparativo para testar interesse e possivelmente avançar para a categoria A.
Optei pelo racional e comprei uma unidade com pouco mais de 3000km.

Se correu bem? A resposta são 10000km em 8 meses e isto diz muita coisa sobre esta relação.

Desde dezembro que está nas minhas mãos e teve direito a um mês de folga.

Tem feito o trajeto diário até ao centro de lisboa obrigando-me ao esforço de não a deixar mal vista.

Porquê uma 125?
Uma vez que não tinha carta A não podia ambicionar mais alto. Em contrapartida opções mais baixas, 50, 100 ou 110, simplesmente não surgiram e uso a pista de obstáculos que é o IC19.

Porquê a cbf125?
O marketing é tramado e da mesma maneira que vende pcx como batata frita vende igualmente cbf125.
O baixo consumo anunciado e manutenção pouco onerosa fazem promessas de muita diversão.

Apreciação inicial
Depois do que se lê e vê na internet a imagem consolida-se quando estamos na sua presença.
Linha esguia e pequena carenagem frontal dá a imagem de uma pequena desportiva.
Ao montar este "aranhiço" surpreende-nos o espaço no banco e aparente conforto.
Este é dividido em duas partes e o do pendura é removivel para acesso à bateria e ao pequeno espaço para a bolsa de ferramentas e o cadeado.
O painel de instrumentos, modelo 2011, conta com velocimetro, conta-rotações e indicador de combustível com algumas luzes indicadoras para pisca, máximos, neutro e injeção eletronica.
A montagem parece correta e não existem plásticos mal montados.
O baixo peso que se sente mostra o quanto pode ser ágil.

Apreciação após 1000km
Excelente máquina para iniciar e/ou quem procura um veiculo económico.
Pode funcionar como commuter para o dia-a-dia ou complemento de uma máquina maior e mais dispendiosa.
Definitivamente não tem o caracter desportivo como a imagem sugere.
A qualidade geral não está em causa, mas há algumas deficiências de projeto e baixa de qualidade em alguns componentes.
Montei um ecran maior para maior conforto e um suporte de bagagem para a topcase que já tinha

Pontos negativos
Em concreto os pontos mais falados como negativos são a qualidade dos pneus, especialmente em molhado, o farol de apenas 35w ligado ao alternador e não à bateria e qualidade de cromados.
Alguns casos de ferrugem no interior do depósito foram assinalados e consequente falha na bomba de gasolina.

Pontos positivos
Economia e mais economia. O motor de construção simples ajudado pela injeção faz excelentes consumos.
A honda tem assumido a reparação/substituição destas falhas durante a garantia, pinturas de quadros, substituição de depósitos, bombas gasolina e cromados ferrugentos.

O que fiz nestes 10000km
Essencialmente tem servido de transporte para as voltinhas. Commuter no dia-a-dia e passeios saloios ao fim-de-semana de dezenas ou centenas de kms.
Contudo elevei o desafio para ambos e levei-a a conhecer Portugal. Cerca de 3500km foram em passeio ao Alentejo, Beira Alta e Minho.

Apreciação após 10000km
Confirmação da análise dos primeiros 1000km, mantenho a mesma opinião sobre os defeitos.
Creio que o objetivo no desenvolvimento da cbf seria ter uma veiculo económico e fiável. Apenas posso comprovar que o objetivo é totalmente concretizado.
Certo é que os defeitos de qualidade não deviam custar muito a regularizar.
Mesmo a pouca qualidade dos pneus de origem, Conti'Go, e sua substituição na origem não significaria muito no valor final.

Os passeios mais longos revelam um conforto suficiente para o condutor. Hora e meia de condução e o fundo das costas começa a acusar desconforto.
O volante com boa altura permite uma posição de condução direita e os pedais não estão muito recuados-
O motor embora seja refrigerado a ar permite horas de condução sem aquecimento excessivo desde que o ritmo imposto não seja de GP.
A potência ainda que moderada é suficiente para o conjunto mota + condutor + carga.

Sem topcase e bagagem acrescida passa por mota de cidade mas com alma para ir muito longe.

O banco do condutor podia ser melhor, o mesmo com o banco do pendura.
O baixo peso do conjunto faz com que o motor consiga transmitir alguma vibração para mãos e pés.
Silenciosa, por vezes até demais.

A falta de potência e espaço de carga quando se viaja com pendura em distancias maiores, +300km, não a torna a melhor opção.

Pontos fortes do modelo
Facilidade na condução
Ágil de manobrar
Motor voluntarioso em baixas-médias
Consumo
Grande autonomia
Estreita para circular entre filas e parqueamento
Usar e durar, mesmo quando enferrujar toda o motor ainda roda.

Pontos fracos
Pouca potência do farol
Pneus Conti'Go com aderência fraca em molhado, tamanho homologado com poucas opções de troca
Qualidade de montagem e acabamento com falhas

Questões de economia
Sendo a economia um dos vértices deste modelo, outros serão a facilidade de utilização e fiabilidade, creio que importa esclarecer um pouco este aspeto.
A economia não é apenas o consumo do veiculo, mas o que está associado ao veiculo e à sua manutenção.
Quanto ao consumo não há duvida possivel este motor é muito frugal no apetite.
No meu caso faço sempre mais de 550km com 10lts em circuito citadino, em passeio não será dificil fazer 700km com um deposito.
Mais curioso ainda é que quando é espremida o consumo sobe apenas uns 25% ou cerca de 0,5lts, o companheiro mpaneves anda com médias de 2,2 face aos meus 1,7.
Os pneus de nylon sem serem de grande confiança em molhado têm uma duração invejável, não creio que considere a sua substituição antes dos 25-30mkm.

O que perturba esta parte económica?
Alguns componentes, por ex a lâmpada do farol não é barata, e as revisões em concessionário.
O plano de manutenção não é muito simpático para o proprietário, revisões e troca óleo a cada 4mkm, o que com uns apertos de parafusos e um pouco de graxa na corrente ficamos 40-50 euros mais leves.
Que alternativa há?
Não muitas na verdade. Se a mota for nova e estiver na garantia o melhor é contribuir para a saude financeira dos stands.
Caso contrário é possivel fazer a manutenção básica pelo próprio. Mudar óleo, vela, filtro ar, pastilhas travão, esticar corrente são coisas básicas que estão ao alcance de qualquer um.
Para quem sabe fica com a garantia que tudo esta feito de forma correta e poupa muito dinheiro. Quem não sabe pode apender e fazer o minimo poupando na mesma bastante dinheiro. Mesmo quem queira ir ao agente oficial, pode adiantar alguma coisa e poupar na mão de obra.

É a melhor mota do mundo? Que disparate...

É a melhor 125? Claro que não. Há outras opções mais potentes, melhor construidas, mais caras e mais gulosas.

Uma 125 é para a cidade? É, mas leva-te onde fores capaz de a levar.

Voltava a comprar? Nas mesmas condições compraria de novo. E não ficava mal ao lado duma Pan ou Bmw...

Se vou manter? Pelo que mencionei nem dá vontade de sair perto dela. Mas um dia lá terá de ser, não é?
« Última modificação: 04 de Setembro de 2015, 12:42 por fastnet »
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Offline Sapiens21

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Re: 10000km depois
« Responder #1 em: 04 de Setembro de 2015, 08:06 »
Muito bem companheiro.  _pol_

Isento, com uma crítica construtiva e a abarcar todo um conjunto de aspectos/características da CBF125.

Venham de lá mais 10.000kms em 8 meses e com essa satisfação geral.  :)

JViegas

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Re: 10000km depois
« Responder #2 em: 04 de Setembro de 2015, 09:24 »
Que descrição fantástica companheiro. A CBF sempre foi uma mota 125 que me despertou muita atenção principalmente na componente economica. Vejo com agrado que o objectivo da mesma é cumprido na íntegra atendendo ao resumo detalhado do companheiro. Felicidades com a mesma.

Offline mpaneves

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Re: 10000km depois
« Responder #3 em: 04 de Setembro de 2015, 12:14 »
Subscrevo e assino o que o companheiro disse.
As minhas médias variam sim entre os 2.1 e 2.5 .
Num ano ,agora já o digo ,em 9000 km a minha média geral não bate nos 2.5
Não há pontos de ferrugem e qd ouver a dureza na abóboda vai tratar disso.
Os pneus são mesmo o seu maior problema ,eu vou optar por baixar o perfil e assim já se encontram mais opções e melhores de resto é para usar e abusar

Marco Neves

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Offline santos466

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Re: 10000km depois
« Responder #4 em: 04 de Setembro de 2015, 22:41 »
....

É a melhor mota do mundo? Que disparate...

É a melhor 125? Claro que não. Há outras opções mais potentes, melhor construidas, mais caras e mais gulosas.

Uma 125 é para a cidade? É, mas leva-te onde fores capaz de a levar.

Voltava a comprar? Nas mesmas condições compraria de novo. E não ficava mal ao lado duma Pan ou Bmw...

Se vou manter? Pelo que mencionei nem dá vontade de sair perto dela. Mas um dia lá terá de ser, não é?

ahahaha esta ultima parte está deliciosa!  _palmas_  Contes muitos kms cheios de prazer!
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Offline fastnet

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Re: 10000km depois
« Responder #5 em: 05 de Setembro de 2015, 20:37 »
Depois do bláblá inicial é mais fácil ver a crueldade dos numeros.

O sprimonitor  não me parece uma coisa extremamente fiável, mas a nossa conduçao tambêm não consegue ser exatamente igual em cada depósito feito. Talvez por isso tenho algumas variações nos depósitos consumidos, entre 0,1-0,2lts.

Mais que ter um valor por depósito tenho mais confiança numa média alargada que abranja consumos em situações variadas de verão e inverno, situações de pendura, com/sem topcase, com/sem pendura.
 
Dados do spritmonitor
9629km - 169lts  média, 1,76l/100
9108km - 228€ média 2,50€/100km
min 1,53lts/100 máx 1,96lts/100

Manutenção
revisão 4000km - 85€
2lts óleo - 18€
1 par pastilhas travão - 17€
1 vela iridium - 14,50€

Próximas despesas
revisão dos 16000km
« Última modificação: 14 de Agosto de 2016, 15:42 por fastnet »
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Re: 10000km depois
« Responder #6 em: 05 de Setembro de 2015, 20:39 »
ahahaha esta ultima parte está deliciosa!  _palmas_  Contes muitos kms cheios de prazer!

Ainda vou montar um kite no aranhiço.
O pior são as pontes do IC19 a complicar este esquema  _lol_
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