Viva Companheiros.
Eis o meu test drive à VFRx800 CrossRunner modelo este que não é propriamente uma novidade no catálogo da Honda, mas é destacável a evolução apresentada nesta edição de 2015 que recebeu alguns melhoramentos. Sendo uma “trail”, tripulamos com as costas muito direitas, e braços numa posição muito confortável – para mim é a postura ideal
Não pretendendo entrar em considerações muito técnicas, mas apenas partilhar a minha experiência, visto que apenas fiz uns 20 Km num misto estrada /cidade e logo com dois em cima, pelo que esta abordagem é puramente pessoal.
Esteticamente todo o conjunto é apelativo, harmonioso, sem entrar em certos disparates a evocar algum radicalismo das linhas - por vezes em certos ângulos está lá uma NC com outra roupa. A frente muito interessante e com um vidro modesto, destaca desde logo a colocação dos piscas de dupla função ( servem idem de luzes de presença ) em LED nos retrovisores ficando muito bem conseguida está opção , se bem que estes últimos deveriam ser um pouco maiores – destaco uma quase ausência de vibrações em qualquer regime do motor. O grupo ótico principal é igualmente interessante e bem enquadrado - não é zarolha e os LED conferem não somente uma assinatura, mas uma grande eficácia . Dá muito nas vistas!
A traseira é curta, e esguia, conferindo visualmente e em destaque o largo Pirelli Scorpian que sem dúvida ajuda a qualificar a CrossRunner.
Motor: A grande alma deste modelo. Um V4 a 90º DOHC 16 106 Cv, com V-TEC, e uma caixa de velocidades de acionamento hidráulico com uma suavidade fantástica que se pudesse andava o dia inteiro a trocar de velocidades. Com a 1ª engrenada e soltado a embraiagem, nota-se logo o nervosismo. Poderá não ser fácil equilibrar a embraiagem e o acelerador nos primeiros segundos, mas desde logo descobre-se uma grande entrega de força de 4 cilindros após as 2.500 rpm. Pareceu-me que o motor deveria ser mais redondo em baixas rotações, pelo menos garantia alguma vantagem em cidade em baixa velocidade.
Ao fim de uns KM, chegou a hora da “sopradela”.
LOL e mais
LOL e um grande
LOOOOL. Isto é muito bom. Muito rápido a atingir as 4.000, 5.000, 6.000 rpm, 7.000 rpm… chega! Confirmo que isto anda muito bem nota-se o“coice” quando o Vtec dispara, ou seja modo 16 válvulas. A minha pendura não gostou, mesmo tenho avisado previamente para se agarrar com alguma firmeza.
Ciclistica:
Uma moto com um V4 é naturalmente pesada, mas a Honda conseguiu equilibrar e muito bem este conjunto, fazendo uma correta distribuição do peso que aparenta ser pluma. Ao curvar, nota-se bem que tudo está equilibrado. O mono amortecedor traseiro a gás é regulável com articulação PRO LINK com um monobraço PRO ARM cujo o design é notável , não me pareceu tão progressiva como deveria ser, sendo por vezes um pouco seca em piso menos bom, enquanto a frente é telescópica a óleo é bastante neutra, mas com a tendência de afundar um pouco. Acredito que uma outra regulação para 2 seria mais acertada. No global e em bom piso, é muito confortável.
O assento é confortável, baixo e largo, o que obriga a ter as pernas mais fletidas – tivesse eu 1,70 e encaixava muito melhor nesta mota - tudo bem que o assento pode ser levantado, mas não há milagres! A pendura está numa posição mais elevada num bom assento, e com as pernas fletidas nuns estribos pequenos. Não me parece ser muito apropriado para uma trail esta disposição. Neste ponto a NC 700 está melhor conseguida, e ajustada ao pendura.
Os pneumáticos são muito bons, e sem dúvida que cumprem as suas pretensões de garantirem uma excelente aderência. Nem quero imaginar em modo rédea solta em estradas sinuosas…
Travagem:Muito forte, impressionante na eficácia e a requerer alguma habituação quer no tato quer na distribuição da força. Aquilo que uma NC 700 não faz tão bem, este modelo fá-lo com muita convicção e potência. A travagem podia ser um pouco mais progressiva e dócil o que evita o afundar repentino da frente, mas aqui não há desculpas. Trava com “T” grande. – um nota muito positiva, o ABS não é intrusivo!
Diversos:
Não gostei do painel de instrumentos conhecido por quadrante. É pequeno para tanta e completa informação, e nem sempre de fácil leitura, com a devida exceção do indicador de velocidade digital. Este modelo podia ter levado um misto de mostradores redondos. A retro iluminação negativa podia ser melhorada. O canhão da chave está lá no fundo, e podia ser mais ergonómico na acessibilidade.
Existe nesta moto um botão o HSTC (Honda Selectable Torque System ), numa localização que requer alguma habituação o alcance e manuseio do mesmo. Podia ficar no mesmo grupo de comandos por exemplo no local de acionamento dos punhos aquecidos, mas não, ficou destacado e afastado.
Quanto ao botão dos piscas está trocado com a buzina, mas o acionamento é muito intuitivo e à prova de esquecimentos.
Mota com tanta alma, deveria ter um escape menos abafado e não tão metálico que grita bem alto após o VTEC dar o kick, porventura até ficaria bem um 4-2. Acho que aqui é que a Honda deveria ter-se esmerado, pois o escape apresenta um mau acabamento com umas soldaduras manhosas e nada bonitas. Aquele inox a amarelecer e descolorado a fingir que é cromado é mesmo para inglês ver e contrasta e muito com o refinamento e qualidade global da moto. Pequeno pormenor: óleo a sair pelo escape! Numa moto com poucas centenas de KM’ isto não me parece muito bom.
Conclusão:Tirando um ou outro pormenor, é sem dúvida uma moto que nos faz sorrir e muito. Adorei fazer este test drive, e penso que a aposta é ganha, para quem quer um trail de médio porte com muito motor, rigorosamente equilibrada, confortável e com caracter. Acredito que a Honda teve em mente uma polivalência de utilização e alguma vertente mais sport, e conseguiu com distinção.
Estou convencido que a estatura do condutor é muito importante, o que granjeia e favorece muito potencias compradores que se intimidam com as trail mais encorpadas. Falta um vidro mais alto e envolvente e um Akrapovic para animar, e fica quase tudo um pouco mais perfeito.
Quanto aos consumos, duvido que esteja alinhada com poupados modelos da Honda de média e alta cilindrada, aliás a CrossTourer 1200 consegue gastar menos! O CB nunca baixou da indicação dos 7.4l /100, mesmo não puxando por ela em 90% do percurso. Acho elevado e nada convincente. Talvez numa tirada de 100-200Km em velocidades constantes nos limites da lei o consumo seria outro e bem mais comedido. Será?
Ao perguntar ao vendedor aonde era fabricado este modelo, ele hesitou e disse qualquer coisa como India ou China a exemplo da Vision e da Forza… A ser verdade, o preço praticado até que poderia ser mais em conta.
Deixo um pergunta. Como seria um DCT nesta moto?
Cortesia da OndaCoimbra