Viva Companheiros:
Estava particularmente curioso em testar este novo conceito em 2 rodas ao qual a Yamaha pretende impulsionar de forma tão particular com a MT-09 e em concreto este modelo de nome TRACER.
Fiquei bastante surpreso para não dizer rendido a esta moto, cujo design um pouco radical confere algum impacto numa primeira abordagem visual ( DARK SIDE) com as bainhas de suspensão em amarelo dourado. Sem dúvida que tem muito estilo este contraste.
Esta moto em meu entender é sobretudo “urbana”, e numa primeira vista parece um cordeirinho, mas muito bem disfarçado de lobo… As imitações em carbono dão aquele “look” mais racer. Ou seja é uma fun bike que dá nas vistas.
Não sendo eu expert em test drives posso pecar por alguma incorrecção, mas espero que compreendam.
1ª impressão, em cima da dita:Para os meus 1.85m fico com os joelhos um pouco fletidos, e como sou patudo, a bota não consegue à primeira ajeitar a melhor posição no estribo esquerdo mas tudo isto fica compensado com a suavidade no seletor, se bem que existe uma certa hesitação entre 1ª – N – 2ª. Tudo uma questão de hábito e “rodagem”!
A altura do assento ao solo é boa mas quem tiver perna curta pode ser um pouco complicado.
Para o pendura a posição é um pouco “R” num assento pequeno e estreito, mas tudo depende da estatura da pessoa. Presumo que se o pendura tiver perna mais curta, encaixa melhor na posição dos estribos um pouco elevados – é um compromisso exigível devido à colocação do escape muito rasteirinho.
Os braços ficam mais abertos, o que exige uma correção da postura do tronco e membros superiores pois surge de imediato aquela afinidade sensorial de uma certa “agressividade”, perfeitamente saudável com o estilo da Tracer.
Os protetores de punhos são mesmo esquisitos e radicais mas são muito eficientes pois conferem uma proteção muito boa.
O quadrante é completo e muito legivel , como vem sendo hábito nos mostradores totalmente LCD, mas confesso que gosto mais dos mostradores clássicos redondos e com agulha.
2º impressão: dinâmica/ciclistica:O roncar do tri cilíndrico é “especial” pois parece um tetra, mas está lá quase. Adorei o som agudo com que as rpm sobem que não sendo exagerado, não é tão abafado e grave como um mono ou bicilindrico.
Não exagerando na dose, e em cidade, fico com a impressão que é neste ambiente que a moto se comporta de forma exemplar e mesmo esquecendo que existe ASR, ABS, D-MODE, Eco… etc, tudo se conjuga de forma equilibrada.
Em estrada e fechando os olhos a alguns exageros, o motor responde muito bem, com a caixa a responder de forma rápida e sempre naquela curva ascendente de torque, o que permite em qualquer situação ter aquele disparo energético, muito útil numa ultrapassagem. Destaco a enorme suavidade em baixo regimes, que permite uma condução sem stress, calma, e sem grande necessidade de subir ou descer as mudanças.
O quadro em alumínio, confere leveza e ao mesmo tempo uma boa rigidez estrutural, se bem que o centro de gravidade está um pouco mais para a frente, e não fosse um três-em-linha.
Nota muito boa ao travão da frente potente e seguro, mas que requer habituação, visto que existe uma tendência em afundar o conjunto à mínima solicitação.
Quanto à aerodinâmica é aquilo que se têm. Nada de especial para não dizer um pouco eficiente. Talvez um vidro maior resolva alguma fadiga em grandes viagens, não obstante as regulações oferecidas para o vidro de origem. Notei turbulência logo após os 80 Km/h, mas nada de exagerado.
3ª impressão: conforto/segurançaConfortável, e ao mesmo tempo um pouco “seca”, talvez o mono amortecedor precise de alguma regulação mas cumpre muito bem a sua função.
A iluminação é uma mistura de leds num grupo ótico em LED duplo. Sim, é zarolha como vem sendo usual, mas a visibilidade passiva é muito boa numa cor branca quase xénon. Aposto que de noite a iluminação deve ser excelente. Os leds de presença traseiro, cumprem a sua função se bem que deveria haver mais elementos luminosos pois os leds do travão são muito mais abundantes e obviamente potentes.
Só um parenteses: O futuro da iluminação frontal dos veículos em 2 rodas e não só vai forçosamente passar pelos LED’s. Espetáculo!!
-ABS, ASR ou TCS, botões de seleção dos mapas do motor, etc… muito coisa para brincar e distrair!!! Requer habituação e sobretudo compreender que estes sistemas são colocados para ajudar e potenciar alguma condução mais agressiva ou refrear os ânimos em condições climatéricas adversas, mas não invalida ter dois 2 dedos na testa e ter juízo com esta moto disfarçada de cordeiro.
Conclusão:Uma moto “sensorial”, capaz de promover um enorme sorriso, e com um equilíbrio no seu conjunto muito bom. Uma excelente companheira para a “cidade”, rápida, leve, eficiente e segura e pelo que já se vai lendo aqui e ali, e económica sobretudo no modo ECO.
Uma viagem também não de ser problema, e de preferência com muitas curvas. Temos pneu largo traseiro 180/55ZR17M/C e um 120/70ZR17M/C à frente para agarrar.
O descanso central é de série e de uma facilidade na sua utilização, que nem parece que estamos numa moto acima de 200Kg- já tive a experiência com um modelo bávaro que me desiludiu neste aspeto entre outros !
Um excelente produto da Yamaha, que com certeza vai chamar a atenção de muita gente, não somente pelas linhas e design mas pelo fabuloso motor tricilindrico com 105 Cv (às 10K rpm) recheado de um binário elevado (87,5 Nm (8,9 kg-m) @ 8.500 rpm ).
Menos bom: Os espelhos, pequenos tipo T-MAX, e a proteção frontal contra o vento – pormenores técnicos.
Os meus agradecimentos pela cortesia ao stand oficial da YAMAHA na Figueira da Foz, a FozMotor.