Honda VFR 800F – Test-Ride
Tinha acabado de fazer o test-ride à Honda NM4 Vultus
VER AQUI e o pensamento imediatamente entrou em estado de alerta...a vontade de meter as mãos em cima da VFR800F era muita, mas também o era o respeito por este género de moto, inserida no segmento Sport Touring.
A Honda VFR800F que ali se encontrava diante de mim, numa chamativa cor vermelha, não era propriamente uma moto que eu iria conduzir descontraidamente…mas, já lá chegaremos!
Tudo começou com o preenchimento de um questionário no interior do concessionário Motodiana, seguido da assinatura de um Termo de Responsabilidade e…..agora sim, venham de lá as chaves da máquina!
O companheiro CPM (Limpinho) tinha chegado há momentos do seu teste a este modelo, tendo-lhe feito elevar bastante a temperatura, coisa que me apercebi assim que cheguei junto dela, pois no preciso momento em que rodei a chave, a ventoinha disparou em sinal de desagrado com as rotações elevadas a que tinha sido sujeita…..
O meu teste não seria tão exasperante para a mecânica e, com ela ainda no descanso lateral, aproveitei para tirar mais umas fotos a um modelo que tem um
background motivador de grande respeito e que se iniciou no ido ano de 1986 com a VFR750F, modelo que se manteve em produção ao longo de uns assinaláveis 11 anos!!!
Ignition On….Get Set….Go…mas vai com calma…A saída do parque exterior da Motodiana foi feita com cautela, pois era tudo diferente do anterior modelo que tinha testado…tudo!
Sou um grande apreciador da posição que se conhece das trail’s, mas aquilo que estava a experienciar logo desde os primeiros metros, era uma posição em que estava de braços estendidos, ligeiramente projectado sobre um volumoso depósito e a esforçar-me por gerir o
power a cada troca de mudanças. (Faço aqui um parêntesis para dizer que esta moto não me parece ser muito apta a "barriguinhas" de cerveja!
) Estava consciente que não se tratava de nenhuma CBR1000RR SP, mas ainda assim, a conjugação daquela posição com uma mecânica nervosa, tinha de ser gerida com alguma cautela.
Chego à primeira recta do percurso já previamente delineado, olho pelo espelho retrovisor e…o companheiro Limpinho vem “picado” em cima da CrossRunner 800X, passando-me num ápice. Ainda um pouco mais atrás vinha outro companheiro CPM (TG) que se encontrava deliciado aos comandos da NM4 Vultus e eu, perante a ultrapassagem que me tinha sido feita e não querendo fazer má figura, decidi também fazer gritar o motor que até ali ronronava debaixo de mim. Reduzo uma….enrolo o punho….aumento uma e depois outra…enrola mais um pouco….e quando dou por mim (atenção que devem ter passado uns breves 8 a 10seg.) já ía a uma velocidade mais do que proibida.....
Nisto, vem-me à memória o Termo de Responsabilidade assinado alguns minutos antes e decido baixar o ritmo, levantando um pouco o capacete (levei cá uma porrada de vento!!!), que até ali se encontrava estrategicamente escondido atrás do curto vidro da VFR.
A posição de condução começa a revelar-se menos dócil com o decorrer do teste, ainda que, com alguma surpresa, a suspensão tenha conseguido manter o fundilho das minhas costas suficientemente são. Valeu também o facto de me ter lembrado de sair de casa já com a cinta lombar por baixo do casaco, pois os esticões mais determinados na troca de relações, por certo estariam a fazer-me mossa a esta hora a que aqui escrevo.
Mais uns Kms e o Limpinho lá está, orgulhoso, à minha espera e a querer mostrar-me que a experiência que tem com motos de caixa, lhe permite dar-me uma “banhada” das grandes….mas no fundo e como já tive oportunidade de lhe dizer umas quantas vezes, quando se conhece a cor e a dureza do alcatrão, como eu em tempos já conheci, a determinação passa a ser um pouco filtrada pela consciência e aquilo que antes se fazia…agora é objecto de escrutínio interior sempre que me quero armar em Valentino Rossi.
O painel de instrumentos indicava-me as horas deste dia marcado pelos test-rides, o dia estava solarengo e bonito, com pouco vento e uma temperatura amena…no fundo estava a correr muito bem este dia e a minha confiança começava a tomar forma.
Paramos um pouco junto ao Aeródromo de Évora, tiramos mais umas fotos naquele local e, quando voltamos à estrada, eu ataquei logo de início o acelerador com demasiada determinação…aliás, de tal forma levei a 1ª a altas rotações que, ao trocar de relação o TCS (Traction Control System) aparece-me no painel de instrumentos em simultâneo com o símbolo do ABS e decido de imediato encostar à berma. O Limpinho junta-se mais ao lado, o símbolo do ABS permanece no painel e eu fico a reflectir sobre o que fazer…avanço mais uns metros e ele permanece…avanço mais uns metros, o símbolo desaparece e eu penso para comigo…
o que se passou foi que exageraste um bocado pá! Julgo que naquele desenfreamento de rotações, a roda da frente terá por breves momentos descolado do asfalto e o sistema electrónico terá intervindo na situação, repreendendo-me com um avisador luminoso no painel de instrumentos.
Mas...como às vezes também sou um bocado cabeça dura, decido esquecer o assunto com uma valente arrancada, tão ou mais determinada que a anterior, tendo o motor gritado a plenos pulmões e desta vez já não olhei para o painel de instrumentos….no fundo, informação a mais que me estava a cortar o gozo de a explorar. Ainda me passa pela cabeça algo do género "Fogo, a Honda criou aqui uma bela máquina!" e sigo caminho com os meus companheiros no meu encalço.
Uma palavra merecida para o sistema de travagem, que se revelou sempre muito potente e fácil de dosear, não tendo ao longo do teste sentido qualquer fadiga do mesmo. Os discos duplos na frente cumpriram sempre de forma muito reactiva e transmitindo-me a dose certa de informação sobre o que se passava e a forma como faziam a moto perder velocidade ao mais pequeno apertar da manete. O disco traseiro experimentei igualmente utilizá-lo de forma individual, calquei com uma certa dose de força o pedal de travão e o disco lá mostrou que também estava ali para me ajudar, se bem que sem a potência sentida na frente.
As cuvas fi-las com a determinação de um copo um pouco acima de meio-cheio e na verdade não me posso queixar da resposta de todo o conjunto. A VFR800F é uma moto que se insere com facilidade em curva, permite ser deitada sem medos e faz até esquecer o seu peso que suplanta os 240Kg. Se os tinha, na verdade não os senti, fosse pela boa distribuição do peso frt/trs ou pelo centro de gravidade que conseguiu esconde-los ao longo de todo o teste.
A dado momento deixo os meus companheiros e decido fazer um desvio para mais umas fotos, seguido de um novo e curto trajecto, até voltar em definitivo para o concessionário.
Não me lembro quantos Kms foram feitos neste teste, mas no geral deu para perceber que é um género de moto que não compraria...e principalmente pela posição de condução. As suspensões portam-se bem, o motor tem um nervosismo engraçado, o painel de instrumentos é completíssimo e facilitador de uma rápida e fácil leitura, o design da moto é muito bem conseguido, mas aquela posição de condução…nada tem que ver com o meu gosto pessoal. Há naturalmente quem goste, mas não é o meu caso.
Entreguei as chaves, preenchi um questionário de satisfação da Honda e voltei a sair cá para fora para admirar um pouco mais aqueles Led’s de luz forte, aquelas jantes de tonalidade dourada, os piscas inseridos nos espelhos, os discos duplos de generosas dimensões com sistema de travagem da Japonesa Tokico, aquele vermelho espampanante que a fazia destacar-se das outras novidades que ali se encontravam….no fundo, trata-se um produto de qualidade e que terá no seu público-alvo fiéis amantes daquelas 3 letrinhas que compõem a sigla que continua bem viva no seio da marca Honda…
VFR!
AGRADEÇO À MOTODIANA PELO PROPORCIONAR DESTE TEST-RIDE TÃO ESPECIAL!